O mercado avícola paulista enfrenta um cenário de alerta neste início de junho. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as quedas acentuadas no preço do frango vivo — superiores às dos principais insumos da atividade, como milho e farelo de soja — tendem a interromper uma sequência positiva no poder de compra dos produtores.
Nos últimos meses, os avicultores vinham registrando avanço na relação de troca, com dois meses consecutivos de melhora frente ao milho e sete frente ao farelo de soja, o que indicava um alívio nos custos de produção. No entanto, a realidade começa a se inverter. Na parcial de junho, o frango vivo em São Paulo apresenta média de R$ 5,51/kg, o que representa queda expressiva de 12% em relação ao valor médio praticado em maio.
O principal fator por trás desse recuo é a elevada oferta de carne de frango no mercado doméstico, resultado das restrições impostas às exportações brasileiras devido à gripe aviária. Com maior volume disponível internamente, compradores estão cautelosos e reduzindo a aquisição de novos lotes, o que pressiona ainda mais os preços.
Esse movimento reduz as margens dos avicultores e pode impactar decisões sobre o alojamento de novos plantéis, sobretudo em um momento em que os custos com insumos, embora em queda, não acompanharam a mesma intensidade de baixa do frango vivo.
A situação exige atenção, principalmente se as limitações nas exportações persistirem, prolongando o desequilíbrio entre oferta e demanda e prejudicando a rentabilidade do setor no segundo semestre.
