Soja brasileira será testada na Coreia do Sul para fabricação de produtos alimentícios

Fonte: Assessoria

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Embrapa Cerrados e Korea Agro-Trade Center São Paulo, empresa da Coreia do Sul, reuniram-se na última sexta-feira (19) memorando de acordo para estabelecer uma parceria entre as empresas. O objetivo da empresa coreana é buscar no Brasil cultivares de soja não-transgênica com bom desempenho para fabricação de produtos alimentícios, bastante consumidos na Ásia. O principal produto é o tofu, um queijo vegetal feito a partir de leite de soja. Outros produtos de grande consumo naquele país é o missô, uma massa fermentada de grãos, e bebidas que têm como base a oleaginosa.

“Neste primeiro momento, enviamos grãos de soja de cinco cultivares desenvolvidas pela Embrapa Cerrados para serem testados na Coreia do Sul. São materiais ricos em proteínas, o que é importante para essas indústrias alimentícias. A partir de testes de processamento dos alimentos, podemos melhorar esses materiais até conseguirmos uma cultivar que atenda a essa demanda”, explica Sebastião Pedro, chefe-geral da Embrapa Cerrados.

Ele completo: “Essa parceria visa identificar cultivares de soja convencionais com genética da Embrapa desenvolvidas para cultivo no Cerrado que atendem aos padrões de consumo da população sul-coreana”. A parceira também compartilha informações sobre as características que atendem o mercado sul-coreano. A partir disso, vamos organizar uma cadeia produtiva para viabilizar o conjunto desses grãos para o mercado da Coreia do Sul. Ele completou: “Testar nossos materiais nesse mercado é o primeiro passo para esta intenção”.

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Young Jung, diretor do Korea Agro-Trade Center São Paulo, conta que, em seu país, a soja é a segunda cultura alimentar mais importante, atrás apenas do arroz. Mais de 80% da soja que consumimos é proveniente dos Estados Unidos. Atualmente, a Coreia do Sul importa 180 mil toneladas de soja convencional, sendo 60% usada para produção de tofu. A empresa de Jung atua em diversos países do mundo com exportação de alimentos para a Coreia do Sul. O objetivo, com essa parceria, é diversificar os fornecedores de soja para produção de tofu, visando a segurança alimentar de seu país.

O acordo tem o apoio da Embaixada da República da Coreia no Brasil. Ao saber da composição dos materiais selecionados pela Embrapa Cerrados, que contém 42% de proteína, o adido comercial da Embaixada, Kong Sung Ho, demonstrou grande satisfação pela boa proporção de proteína, principalmente para a produção de tofu. Sung Ho ressalta: “Com o estabelecimento desse acordo, esperamos continuar aprofundando as relações entre os dois países, tanto no setor público quanto no privado, especialmente na agricultura”.

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Apesar disso, Sebastião Pedro, também pesquisador que atua no melhoramento genético da soja, explica que a quantidade de proteína pode ser alterada de acordo com o local onde a soja é produzida e ainda pelas condições climáticas. Ele ressalta que a Coreia do Sul é um cliente importante para o Brasil. “Essa aproximação, por meio do memorando de entendimento, permitirá que possamos entender qual é a real necessidade quanto ao tipo de qualidade de soja que o país precisa e vamos atender à medida em que entendermos essa necessidade”, garante.

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Nicho de mercado especial

Sebastião Pedro lembra que, no início da produção de soja no Cerrado, o objetivo era produzir soja ordinária, para fabricação de farelo para alimentação animal e óleo. “O Brasil é um líder na produção de alimentos no mundo e o Cerrado hoje é responsável por 60% da produção agrícola do País. A pesquisa agora está buscando fortalecer a produção de soja para o consumo humano, com proteína e óleo de alta qualidade”, informa.

Na maioria das propriedades agrícolas, a soja é uma commodity, negociada por peso, e não por sua qualidade. Dentro dessa realidade, a soja para o consumo humano é um nicho de mercado. Por se tratar de cultivares intencionalmente, elas são produzidas em áreas separadas dos cultivos transgênicos, para não haver contaminação. Após a colheita, os grãos precisam ser armazenados e transportados separadamente. “É muito trabalhosa a logística da soja convencional. O cuidado já começa com a semente, que tem ser pura, não contaminada. Dentro do mercado de soja não-transgênica, a soja especial para produção de tofu é outro nicho, ainda mais específico. O grão tem que ser produzido para atender essa destinação, que tem como clientes de países asiáticos, como Coréia e Japão, que desejam pagar o custo adicional por essa logística diferenciada”, detalha o chefe-geral.

Jung alerta ainda que, ao se tratar de uma soja convencional, os materiais da Embrapa passarão por inspeções de segurança, para aferir se as amostras não contêm grãos transgênicos, e só depois seguirão para os testes de processamento.

Sebastião Pedro reforça que, para se tratar de um nicho de mercado especial, é importante que seja feito o acompanhamento da cadeia, garantindo que sejam aplicadas boas práticas agrícolas, envolvendo a sustentabilidade da produção e a segurança para o consumo humano: “Primeiro, vamos identifique uma soja que seja ideal para o mercado sul-coreano e depois vamos organizar a produção no Brasil com certificação de origem para garantir a qualidade do nosso produto”.

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Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista, DRT: 0001781-MT