A Assembleia Nacional Francesa cortou o salário de um deputado de extrema direita e o proibiu temporariamente de entrar no ambiente legislativo por ele ter berrado “volte pra África” a um colega dele que estava discursando durante uma sessão.
Quem gritou foi Gregoire de Fournas, um parlamentar do partido Reagrupamento Nacional.
O deputado de esquerda que foi interrompido era Carlos Martens Bilongo. Ele fazia uma pergunta sobre imigração.
O insulto de Fournas foi qualificado como racista e inaceitável pelo governo da França, pela esquerda na Assembleia e também pela direita.
A extrema direita negou que de Fournas tenha dirigido suas palavras a Martens Bilongo, dizendo que se referia a migrantes da África atualmente presos em um barco de ONG no Mediterrâneo, e que não havia nada de errado nisso.
A Assembleia Nacional votou a favor das sanção a Fournas —todos os partidos aprovaram a medida, exceto o Reagrupamento Nacional.
A presidente da Assembleia Nacional, Yael Braun-Pivet, afirmou que o debate democrático livre não permite tudo, e que o racismo, especialmente, é uma das coisas que estão proibidas.
Fournas perderá metade de seu salário por dois meses e será proibido de entrar na assembleia por 15 dias.
Essa foi a segunda sanção imposta desse tipo que o parlamento francês já impôs.
Centenas de manifestantes se reuniram em frente ao Parlamento na sexta-feira antes da decisão das sanções.
Partido de Le Pen
O Reagrupamento Nacional é o partido de Marine Le Pen. É o segundo maior na Assembleia, com 89 parlamentares. O partido rejeitou as acusações de racismo, e acusou os oponentes de deturpar o que Fournas disse.
Le Pen tentou desintoxicar a imagem de seu partido e convencer os eleitores de que ela se moveu para o centro nos últimos anos. Ela pediu aos parlamentares que ajudem a continuar projetando uma imagem mais moderada.
No governo e na esquerda disseram que os comentários de Fournas e a reação de seu partido mostraram a verdadeira face de um partido que não mudou de verdade.