Saiba quais são os riscos do uso do Omeprazol

Fonte: REDAÇÃO CENÁRIOMT

SAÚDE - CADERNO

Até 1980, o tratamento de doenças gástricas, como a úlcera, era limitado. As farmácias contavam apenas com medicamentos que aliviavam os sintomas da doença, mas que não mudavam realmente o prognóstico. Mas, nesta época, chegou ao mercado o Omeprazol, que representou um avanço espetacular no controle das doenças relacionadas ao ácido gástrico. Ao final da década de 90, ele já era considerado o remédio mais vendido e bem avaliado do mundo.

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O omeprazol é um potente supressor do ácido gástrico (inibe até 80% da secreção de ácido clorídrico) e é indicado para o tratamento (cicatrização) de algumas doenças gástricas, como a úlcera, refluxo, infecção estomacal, e também o câncer de estômago.

A droga é utilizada também como um protetor gástrico para prevenir o surgimento de úlceras no estômago e duodeno, e suas possíveis complicações (hemorragia) em indivíduos que precisam consumir aspirina (prevenção cardiovascular ou cerebrovascular) e/ou anti-inflamatórios não esteroides (AINE), como o ibuprofeno e o naproxeno.

Estas são as situações e doenças digestivas em que o uso do omeprazol, ou algum de seus derivados, é adequado e aceito. Entretanto, o omeprazol atualmente está sendo prescrito em excesso. Na Espanha, por exemplo, considera-se que entre 54% e 69% das receitas desse medicamento são inadequadas.

É o princípio ativo de maior consumo, com um total de 54 milhões de embalagens, que representam 5,9% do total de embalagens faturadas em 2015, segundo o Relatório Anual do Sistema Nacional de Saúde de 2016. Estima-se que 85 em cada 1.000 indivíduos tomem omeprazol ou um derivado diariamente na Espanha, enquanto na Noruega são apenas 30 em cada 1.000, e 27 em cada 1.000 na Itália. A cifra espanhola está 70% acima da média europeia.

O omeprazol e seus derivados, de forma geral, são considerados medicamentos seguros, com alguns efeitos adversos, em sua maioria leves, como cefaleia, constipação, diarreia, dispepsia e erupções cutâneas; e outros mais raros, como a deficiência de vitamina B12 e de magnésio; osteoporose, com maior risco de fraturas; e maior risco de infecções intestinais – todos eles em pacientes que consomem algum desses preparados de forma prolongada.

Há algum tempo, sugeriu-se que o uso prolongado do omeprazol aumenta o risco de lesões gástricas pré-malignas, como pólipos, atrofia e metaplasia intestinal (transformação da mucosa gástrica em outra de tipo intestinal), assim como de câncer de estômago.

Um estudo recente, publicado em 2017 na revista inglesa Gut, concluiu que o uso prolongado do omeprazol (ou derivados) está associado a um risco de câncer gástrico 2,4 vezes maior em indivíduos que tiveram a Helicobacter pylori eliminada (sendo ainda maior em quem continuava infectado por aquele germe).

O estudo também confirmava que o risco de câncer de estômago aumentava conforme a dose e a duração do uso desse tipo de fármaco, e recomendava que os médicos tenham cuidado e rigor ao receitar omeprazol de forma prolongada aos pacientes, inclusive para aqueles nos quais já foi erradicada a bactéria.

Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), “os inibidores de bomba de próton (IBPs), medicamentos que inibem a secreção de ácido pelo estômago, revolucionaram o tratamento das doenças ácido dependentes, trazendo resultados excelentes para a cura e a qualidade de vida dos seus portadores”.

Porém, existe uma certa preocupação sobre a segurança do uso contínuo para o manejo de doenças gástricas. Um dos questionamentos seria que a ação potente dos IBPs poderia atrasar o diagnóstico de câncer gástrico ou acelerar o desenvolvimento da doença.

Diante disso, cada vez mais se tende a evitar prescrever o omeprazol, ou reduzir a dose em adultos que tenham completado um mínimo de quatro semanas consumindo o medicamento como tratamento da acidez estomacal ou da azia de intensidade leve a moderada, cujos sintomas já estejam resolvidos, sem prosseguir com o medicamento a partir de então. Além disso, muitos médicos estão optando por tratamentos mais naturais.

Algumas substâncias que podem ajudar a controlar doenças gástricas são a glutamina, um aminoácido, que promove a cicatrização nutrindo as células que revestem o trato digestivo. A vitamina A, que ajuda a proteger o revestimento do estômago e do intestino delgado, facilitando a cicatrização das úlceras e a vitamina C, que pode inibir diretamente o crescimento da bactéria.

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