Polícia investiga corte de árvore de origem africana sem autorização em Paquetá

Fonte: Anita Prado e Erick Rianelli, RJ2

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A Polícia Civil investiga o corte sem autorização na sexta-feira (31) de uma árvore de origem africana na Praia das Gaivotas, na Ilha de Paquetá. O baobá tinha sido plantado por moradores há 7 anos e era apelidado de “João Gordo”.

A muda de baobá foi trazida da África e plantada com festa em 2013. Mas os moradores notaram na manhã de sexta-feira que a árvore tinha sido cortada e roubada.

“Infelizmente, alguém que a gente não entende o porquê, qual a razão, qual a motivação, cortou o nosso baobá”, disse Ricardo Saint Clair, representante do Grupo Plantar Paquetá.

“O João Gordo virou um xodó da sociedade paquetaense”, disse a moradora Márcia Labrador Kevorkian. “Ele foi cuidado como um bebê mesmo, como uma árvore muito querida. Por isso que tá essa comoção em Paquetá agora. As pessoas estão muito tristes com essa brutalidade. E a gente espera que isso não fique impune.”

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João Gordo foi plantado na Praia das Gaivotas. Era considerado “parceiro” de outro baobá da ilha, a Maria Gorda, uma árvore centenária na Praia dos Tamoios, tombada por decreto estadual de 1967.

Maria Gorda será um dos destaques do enredo da Portela para o próximo carnaval. A escola vai contar a história e a simbologia dos baobás.

Os baobás são considerados a árvore da vida. São espécies milenares que podem atingir até 30 metros de altura e mais de 10 metros de diâmetro. Têm origem nas savanas e regiões semi-áridas da África.

Diversas religiões de matriz africana cultuam a árvore, considerada um item sagrado. Moradores suspeitam de intolerância religiosa.

“É uma árvore da nossa ancestralidade, muito importante para nossas tradições”, disse o presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa Babalaô Ivanir dos Santos. “Foi lamentavelmente, criminosamente, cortada de madrugada. Que as autoridades tomem providência, cheguem a esse criminoso e o coloquem na prisão.”

Segundo a Polícia Civil, quem cortou a árvore pode ser indiciado por crime contra a flora e está sujeito a uma pena de até dois anos de prisão.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente diz que vai tomar providências para que a mesma espécie de árvore seja plantada no local. E pede que a população denuncie flagrantes de danos ao Meio Ambiente.