Moçambique avança no combate ao HIV com antirretroviral fabricado na África

Moçambique começa a receber um antirretroviral de nova geração produzido localmente, marcando um passo importante para a autonomia africana na saúde.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF) - Laboratório Central de Saúde Pública Foto:Renato Araújo/Agência Brasília
Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

Moçambique receberá as primeiras doses de um antirretroviral de nova geração contra o HIV, produzido pela primeira vez no continente africano. A informação foi confirmada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), destacando o início de uma nova fase na resposta à epidemia de HIV/Aids na África.

O medicamento, conhecido como TLD — uma combinação de dolutegravir, lamivudina e tenofovir —, é produzido pela farmacêutica Universal Corporation Ltd (UCL), no Quênia. Em 2023, a UCL tornou-se a primeira fabricante africana a obter a pré-qualificação da OMS para a produção da terapia, reconhecida como tratamento de primeira linha pela agência da ONU.

[Continua depois da Publicidade]

Segundo a OMS, a aquisição pelo Fundo Global, em parceria com países africanos e fabricantes locais, representa um marco para a autonomia e o fortalecimento das cadeias de abastecimento na região. “O fornecimento local contínuo desses medicamentos é fundamental para melhorar os resultados de saúde das pessoas que vivem com HIV”, afirmou Meg Doherty, diretora de HIV da OMS.

A OMS alerta, no entanto, que a produção interna é apenas o primeiro passo. Para consolidar cadeias de suprimento sustentáveis, são necessários compromissos de mercado, políticas de compras justas e apoio técnico permanente. “O TLD fabricado na África é um avanço, mas mais ações são indispensáveis”, destaca a organização.

[Continua depois da Publicidade]

Moçambique enfrenta um dos maiores índices de HIV do mundo, com uma taxa de 43 infectados a cada mil habitantes. O governo local estabeleceu como meta, no Plano Quinquenal 2025–2029, reduzir esse número para 13 por mil, com foco principal na população jovem.

Apesar de abrigar 65% das pessoas com HIV no mundo, a África ainda depende majoritariamente da importação de medicamentos e testes diagnósticos. Segundo Rogério Gaspar, diretor de regulamentação da OMS, cada novo fabricante africano qualificado representa um passo rumo à soberania em saúde e ao acesso oportuno a tratamentos que salvam vidas.

Outra frente importante na luta contra o HIV é a testagem. Com cortes no financiamento de doadores, vários países enfrentam dificuldades para manter seus programas de diagnóstico. Para contornar esse cenário, a nigeriana Codix Bio recebeu autorização da OMS para produzir testes rápidos, o que deve ampliar o acesso e reduzir o risco de interrupções nos serviços.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .
Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.