“Não sei se isso está abalando todo mundo, se as pessoas já não pensam mais. Mas não pode ser assim. Tem de ser uma coisa humana”, disse a viúva do aposentado, também idosa, que terá o nome mantido sob anonimato.
O engenheiro aposentado já tinha problemas respiratórios passados. Estava internado desde a semana passada e, no dia 15, foi transferido para o Hospital Sancta Maggiore, da Avenida Maestro Cardin, na Bela Vista.
“Pediram para eu transferir para o Sancta Maggiore da Maestro Cardin, que eles tinham separado o quarto e o quinto andar para doenças de pulmão”, afirmou a viúva.
Na unidade, havia regras restritas de visita. Era só um horário por dia, à noite, e limitado a apenas uma pessoa. “Fui com minha enteada, e disse para ela ‘você sobe e vai ver seu pai’. Ela subiu. Ele estava entubado e sedado. Ela desceu lá pelas 20h30. E fomos embora”, recorda.
“No dia 17, fui com o filho dele, chegamos às sete e pouco. Disse para ele ‘agora você sobe. Ontem foi sua irmã’. Quando fomos fazer a ficha (para subir), e o nome dele já não constava no sistema.”
Após uma conversa com funcionários, viúva e filho do aposentado, um advogado, subiram ao andar onde o paciente estava. Fizeram todo o procedimento para a visita, sem saber de nada.
“Lá, vestimos máscara, luva, avental. Esperamos. Demorou. Então chegaram dois médicos, se desculparam pela demora, que tinham pegado o plantão às 19h, e começaram a ler o prontuário. No meio, falaram do óbito”, disse a viúva, que chora ao relatar a história. “Eu falei: ‘Mas ele morreu?’ E ele (um dos médicos) respondeu: ‘Morreu’.”
O aposentado havia morrido pouco depois do horário de visita do dia anterior. “Se tivessem falado, teríamos voltado”, lamenta a viúva, ainda chorando. O choque foi tamanho que ela afirmou não saber o que foi feito com o corpo, que ficou a noite e o dia seguintes ao óbito no hospital, sozinho.
“Meu telefone não tinha nenhum registro de ligação. Tinha dito para me procurarem”, contou a viúva. No próprio hospital, funcionários deram os papéis necessários para o enterro e a emissão do atestado de óbito. O documento cita a suspeita de infecção pelo coronavírus. Ninguém da família foi orientado a cumprir quarentena. O corpo foi levado para o interior do Estado, onde foi enterrado na quarta-feira.
Resposta
Em nota, a Prevent Sênior informou que a empresa “mantém o atendimento aos seus pacientes de acordo com a sua cultura de acolher e cuidar bem das pessoas e com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS)”. Ainda conforme a operadora, “os óbitos atingiram pacientes de alto risco”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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