Os representantes políticos do Brics encerraram na noite de sexta-feira (4) a última rodada de negociações antes da Cúpula de Líderes, marcada para 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. As conversas evidenciaram impasses em temas como o conflito entre Irã e Israel, a situação na Palestina e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, impedindo um consenso total até o momento.
Entre os pontos mais críticos está a pressão do Irã, um dos 11 membros do Brics, para que o grupo condene de forma mais firme os bombardeios realizados por Israel e Estados Unidos em território iraniano entre os dias 13 e 24 do mês passado. Arábia Saudita e Índia, com laços estratégicos com Israel e EUA, preferem evitar confrontos diplomáticos diretos.
O prolongado conflito em Gaza, que segundo o Ministério da Saúde local já teria causado mais de 50 mil mortes palestinas em cerca de 21 meses, também dificulta um posicionamento unificado. Além disso, tensões recentes entre Índia e Paquistão, com uso de mísseis e drones em maio, e acusações indianas de apoio chinês ao Paquistão agravaram o clima entre os negociadores.
Na cúpula, o presidente da China, Xi Jinping, será representado pelo primeiro-ministro Li Qiang. O presidente russo, Vladimir Putin, participará por videoconferência, enquanto o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, chefiará a delegação no Rio.
Declaração conjunta em debate
Apesar das divergências, há expectativa de que a Cúpula produza uma declaração geral assinada por todos os membros, evitando um documento isolado da presidência brasileira, o que reduziria sua força diplomática. Como estratégia, o Brasil propõe dividir o comunicado final em quatro textos: um geral e outros três dedicados a saúde, clima e inteligência artificial.
Na saúde, o objetivo é construir uma parceria para eliminar doenças socialmente determinadas, com ênfase na ampliação da produção de vacinas. No clima, avançam discussões sobre financiamento com apoio de bancos multilaterais e capital privado. Já a inteligência artificial está no centro de debates sobre uma governança comum, voltada para uso ético e redução de desigualdades.