O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (Muvb) manifestou forte indignação com o acordo firmado entre a Braskem e o governo de Alagoas, que prevê indenização de R$ 1,2 bilhão pelo desastre geológico que afundou cinco bairros de Maceió. A entidade afirmou que os atingidos não foram consultados durante as negociações.
Em comunicado, o Muvb classificou o entendimento como um “acordo construído sem as vítimas e contra elas”, destacando que o caso foi tratado como mera transação política e financeira. A associação considera o valor acordado insuficiente diante da gravidade do desastre, lembrando que a própria Secretaria de Fazenda de Alagoas estimou os prejuízos em cerca de R$ 30 bilhões.
O colapso geológico foi provocado pela exploração do sal-gema, mineral usado na produção de soda cáustica e bicarbonato de sódio. Desde 2018, o fenômeno causou o afundamento de solo nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, forçando mais de 60 mil pessoas a deixarem suas casas por risco de desabamento.
O acordo, anunciado em 10 de novembro, prevê o pagamento do valor em dez anos, sendo R$ 139 milhões já desembolsados. Segundo a Braskem, o entendimento “representa um avanço importante” para a empresa e ainda precisa ser homologado judicialmente. O governo de Alagoas, por sua vez, anunciou um pacote de R$ 5 bilhões em investimentos, que inclui recursos provenientes da indenização.
A tragédia segue sendo alvo de investigações. Em 2024, a Polícia Federal indiciou 20 pessoas por crimes ligados ao afundamento. Além disso, a Defensoria Pública de Alagoas ingressou com ação pedindo R$ 4 bilhões por desvalorização de imóveis em áreas vizinhas. Desde 2019, a Braskem afirma ter pago R$ 4,23 bilhões em compensações e auxílios, com 99,5% das indenizações aceitas.
A companhia é controlada pela Novonor (antiga Odebrecht) e pela Petrobras, que detêm 47% das ações com direito a voto.

















