Após três filhos ‘estrelinhas’, casal é surpreendido com adoção de irmãos em duas semanas: ‘Ação conjunta para o enxoval’

Fonte: Nadyenka Castro, G1 MS

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Foto: Priscila Horvath/ Arquivo Pessoal

A engenheira agrônoma Priscila Horvath, de 38 anos, e o marido, o zootecnista Emerson Farias Bispo, tiveram as vidas transformadas em duas semanas com a adoção de irmãos. Na casa onde moravam só os dois, em Mato Grosso do Sul, de repente, passou a ter cinco. Nos corações, onde já havia três crianças, agora são seis.

Portadora de lúpus, Priscila teve três gestações de risco e as crianças morreram logo após o nascimento. Valentina, Bento e Aurora nasceram, respectivamente em 2013, 2015 e 2016. Agora ‘estrelinhas’ no céu dos pais, os três ganharam mais irmãos que já chegaram ‘grandes’: 2, 4 e 6 anos.

Na Semana Nacional de Adoção, o casal é exemplo de que para adotar é preciso desejar, se preparar e, que, quando menos se espera, o amor se multiplica e irradia. “A família se uniu para que a gente pudesse acolhê-las [as crianças] da melhor forma possível. Tudo pensado com muito carinho”, resume.

Priscila e Emerson sempre quiseram ter três filhos biológicos e um adotivo. Com a perda da Aurora, em setembro de 2016, a ideia da adoção ficou mais firme e em abril de 2017 eles fizeram curso para adotantes. Em maio de 2019 entregaram a documentação para a Justiça como interessados em adotar e em outubro entraram na fila. Em fevereiro de 2020 se tornaram pai e mãe.

“Foi um susto”

O casal estava na posição 269 da lista no estado, mesmo com o pedido de filhos que sai da média da grande maioria, que é de apenas uma criança pequena, quando foram surpreendidos que poderiam conhecer três irmãos que estavam em abrigos. “A gente colocou um bebê com possibilidade de até dois irmãos”.

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Após um fim de semana com as crianças e conversas com a assistente social, a Justiça deu prazo de uma semana para Emerson e Priscila se prepararem para ficarem mais próximos dos três irmãos. As determinações foram cumpridas e sete dias depois, lá estava o casal tendo novo contato com os pequenos.

Com a aproximação do casal com as crianças e a regularidade burocrática, veio a guarda provisória. E o questionamento: e agora, como receber eles?

“A gente levou um susto. Tinha 268 pessoas na nossa frente. Eu falei vai demorar. Algumas coisas a gente tinha. Todo mundo ajudou financeiramente. A gente tinha um pouco de dinheiro guardado, mas não era suficiente. Foi uma ação conjunta da família. Pra você ver o tanto que essas crianças foram desejadas”, comemora Priscila.

Agora com a casa cheia e exemplo de amor, Priscila dá o recado da vida real. “Adoção é lindo, é tudo de bom, mas não é fácil. Pra adotar, a pessoa tem que estar preparada e consciente de que ela vai adotar uma criança que não é dela. Que veio de outra família, com outros costumes. Com outra criação que é completamente diferente da sua. Então, que as pessoas se preparem para adoção para depois não ter o risco de passar um ano com a criança e falar não quero mais. As crianças não vem com padrão de comportamento. Que elas se preparem antes de entrar na fila. Que elas façam curso e se possível, participem de grupos de apoio para adotantes. É lindo, um amor muito grande, mas não é fácil”.

A pedido da família, preservamos a cidade onde moram, o sexo das crianças e a imagem delas.

Números no Brasil

Segundo dados Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem quase 34 mil crianças e adolescentes abrigadas em casas de acolhimento e instituições públicas por todo país. Destas, 5.040 estão totalmente prontas para a adoção.

São 36.437 pessoas interessadas em adotar uma criança. Mas a conta não fecha porque 83% das crianças têm acima de 10 anos, e apenas 2,7% dos pretendentes aceitam adotar acima dessa faixa etária, segundo cálculos do CNJ.