Uma onça-preta foi registrada pela primeira vez na Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante, Goiás. As imagens inéditas foram obtidas entre março e maio deste ano com armadilhas fotográficas, reforçando o monitoramento da biodiversidade local.
A chamada onça-pintada melânica (Panthera onca) apresenta pelagem escura devido a uma mutação genética que ocorre em cerca de 10% da espécie. Essa descoberta é um sinal positivo para a preservação da espécie, considerada “vulnerável” pelo Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com o biólogo Roberto Fusco, da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, o melanismo depende da herança genética dos pais. Ele destaca que a presença do animal indica boas condições de conservação na área e em seu entorno. “Proteger a onça-pintada gera efeitos positivos para muitas outras espécies e fortalece o ecossistema”, afirma.
Para a bióloga Mariana Vasquez, gerente da reserva, esses registros aumentam o engajamento da comunidade local na proteção ambiental. “A observação de animais raros sensibiliza quem vive e trabalha perto da reserva, incentivando a conservação das áreas naturais”, diz.
Maior felino das Américas
A onça-pintada é o maior felino das Américas, com populações mais densas na Amazônia e no Pantanal. Está extinta no Pampa e ocorre de forma fragmentada em outros biomas como o Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
Fusco explica que a espécie sofre com perda de habitat causada pelo desmatamento, caça retaliatória e mudanças climáticas. Mariana destaca que os atropelamentos também são uma ameaça crescente no Cerrado, afetando diversas espécies.
As onças percorrem grandes distâncias em busca de alimento e locais de reprodução. São animais solitários, permanecendo com a mãe até os dois anos de idade e ocupando áreas que podem superar 50 mil hectares. Fusco defende o fortalecimento das unidades de conservação e de corredores ecológicos para garantir a proteção de toda a fauna.
Reserva Natural Serra do Tombador
Com 8.730 hectares, a Reserva Natural Serra do Tombador é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), mantida há 20 anos pela Fundação Grupo Boticário. Ela não recebe visitantes, apenas pesquisadores dedicados a estudar biodiversidade, ecologia do fogo e Manejo Integrado do Fogo.
Já foram catalogadas 437 espécies de plantas e 531 espécies de animais na área. A reserva também contribui para a proteção de recursos hídricos, regulação climática e fixação de carbono, atuando de forma complementar na conservação da fauna da Chapada dos Veadeiros.
