A Câmara Municipal de Canarana, Mato Grosso oficializou nesta segunda-feira (9) a renúncia de um de seus membros, um médico que ocupava o cargo de vereador. A saída do parlamentar ocorre em meio a graves acusações que abalaram a cidade.
Em sua carta de renúncia, o ex-vereador declarou: “Por motivos de ordem pessoal, comunico, por meio deste, minha decisão de renunciar, de forma irrevogável e irretratável, ao mandato de vereador que exerço junto à Câmara Municipal de Canarana, Mato Grosso, com efeito a partir da data de 2 de junho de 2025.” Ele prosseguiu, solicitando “que sejam adotadas as providências legais e regimentais cabíveis para formalização da presente renúncia e, consequentemente, a convocação do suplente, nos termos da legislação vigente”.
A renúncia, mesmo sem uma condenação formal, implica que o ex-vereador ficará inelegível para cargos eletivos por um período de oito anos. Este prazo começa a ser contado a partir do fim do mandato para o qual ele foi eleito. No mesmo dia da oficialização, o suplente, conhecido como Miltinho, foi convocado para assumir a cadeira.
De acordo com o regimento interno e a lei orgânica municipal, a renúncia é um ato declaratório, o que significa que o plenário da Câmara não delibera sobre ela, apenas a acata. Dessa forma, a Câmara Municipal simplesmente atendeu à vontade do ex-parlamentar, declarando seu cargo eletivo extinto.
O presidente da Câmara de Canarana, conhecido como Jocasta, fez um pronunciamento durante a sessão. “A gente não pode e não vai aceitar atitudes que mancham o nome da Câmara Municipal e, pior ainda, que ferem a dignidade do nosso povo. Vereador é para servir e zelar pela cidade, legislar pelo bem-estar de uma comunidade, não para causar escândalo”, afirmou. Ele concluiu os trabalhos desejando que “Deus tome conta e zele o nosso companheiro [o ex-vereador], seus familiares, pai, mãe e amigos”.
Na mesma sessão, foi arquivado o pedido de instalação de uma comissão processante contra o parlamentar, que havia sido instaurada em sessão anterior. O entendimento foi de que, com a renúncia, o objeto do processo foi perdido.
Acusações e prisão em flagrante
A renúncia do vereador ocorre após sua prisão em flagrante no último dia 31 de maio, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Na ocasião, a polícia localizou um vasto acervo de imagens de cunho sexual envolvendo menores.
Segundo as informações policiais, parte desse material teria sido produzida e compartilhada pelo próprio ex-vereador. As investigações até o momento identificaram nove vítimas.
Anteriormente, em um pronunciamento, o delegado responsável pelo caso havia indicado que o então vereador “tinha preferência por mulheres em situação de vulnerabilidade e com filhas”.