Técnicos em necropsia tem trabalho fundamental para resolução de crimes

Servidores fazem parte da carreira da Politec e atuam em conjunto com os peritos oficiais

Fonte: CenárioMT

Técnicos em necropsia tem trabalho fundamental para resolução de crimes2021 02 16 14:02:00
- Foto por: Sarah Mendes/ Politec-MT

Quando acontece um crime com vítima fatal por morte violenta, acidental, ou com suspeita criminosa, é necessária a presença dos técnicos em necropsia da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), para em conjunto com os peritos oficiais, e demais agentes de Segurança Pública, darem início ao processo de investigação criminal.

Este profissional fornece as informações relativas às características do local onde foram encontrados os restos cadavéricos e das condições dos cadáveres e dos restos mortais encontrados, para a perícia médico-legal.

Entretanto, a remoção das vítimas do local de crime – função mais conhecida pela população em geral, é apenas uma dentre as atribuições destes profissionais. O trabalho técnico especializado destes é indispensável para a realização da necropsia, que é o exame realizado no cadáver, para se verificar a causa e como ocorreu a morte.

São estes profissionais que, inclusive, realizam as incisões para abertura das cavidades e exposição dos órgãos a serem examinados pelo perito médico legista. A recomposição decorosa também é realizada pelo técnico.

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Após o término da necropsia, os técnicos são responsáveis pelos atendimentos aos familiares das vítimas, recebimento das documentações, preenchimento da Declaração de Óbito e liberação do cadáver à família.

Segundo define o técnico em necropsia e Coordenador de Perícias em Mortos do IML de Cuiabá, Valter Ferrari de Castro, a atribuição exige conhecimentos voltados à assistência técnica apurada na área de anatomia humana e tanatopraxia, bem como um perfil de assistencialismo social para lidar com diversidades de comportamento social.

“O técnico de necropsia em Mato Grosso é o servidor do estado que está na linha de frente no atendimento a essas famílias que sofrem a perda de um familiar devido morte violenta”, completou.

Cabe também a eles, o trabalho de acolhimento às vítimas nos atendimentos de violência contra mulher e violência sexual, responsável também pelas coletas de materiais biológicos para exames de DNA, alcoolemia, toxicologia e anatomopatologia.

O técnico de necropsia trabalha em conjunto com os Peritos Oficiais Médicos Legistas em organizações como o IML (Instituto Médico Legal), hospitais e laboratórios. O estado de Mato Grosso possui atualmente 61 profissionais efetivos, lotados nas principais regionais da Politec na capital e interior.

Além dessas atribuições, os técnicos desenvolvem atividades de gestão em muitas localidades como em setores da Diretoria Metropolitana de Medicina Legal, na capital e em vários setores de gerências em regionais do interior.

O ingresso ao cargo é realizado essencialmente através de concurso público. O último certame realizado para o cargo foi em 2017, para a formação de cadastro de reserva. Um dos requisitos exigidos ao cargo é a graduação em nível superior em qualquer área de formação.

Há 25 anos no IML, Valter Ferrari de Castro relembra que os momentos que mais o marcaram na profissão é ver a gratidão no olhar de cada pessoa atendida, apesar da tristeza que envolve a dor dos familiares pela perda trágica dos seus entes queridos.

“Durante meus tempos de trabalho aprendi como profissional e procurei me reciclar a cada dia para melhor desempenhar minhas funções técnicas dentro da instituição.  Mas paralelo a isso uma grande luta enfrentei, uma imensa batalha, foi aprender lidar com situações inesperadas, momentos de dor emocional e muitas vezes sentir-se impotente diante situações jamais previstas. O que mais me marcou profissionalmente é que muitas vidas são ceifadas pela imprudência no trânsito,  o cidadão precisa ter consciência disso. Os crimes contra a vida já não devem ter justificativas, mas as motivações que alimentam cada dia mais a violência com óbitos é assustador. Vivemos tempos difíceis”, relata o servidor.

Valter relembra casos marcantes vivenciados em sua careira que jamais esquecerá.  Em uma delas, uma menina de 8 ou 9 anos morreu após ser picada por uma cobra no interior do estado enquanto estava indo com sua irmã menor para casa da avó. Como já era tarde do dia e o escuro tomou conta, a irmãzinha sem reação ficou ali ao lado do corpo da irmã até no outro dia, até aparecer alguém em busca delas.

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“E outro fato foi ver uma mãe me dizer que se lembrava de mim muito bem, e quando indaguei de onde, a mesma me reportou que eu a atendi nesse IML de Cuiabá nas duas vezes em que ela perdeu seus filhos para a droga. Fatos que fazem você refletir sobre o homem, a vida, a família, o amor, a oportunidade, Deus e a morte”, citou.

Em 2020, os técnicos auxiliaram na realização de 2.954 necropsias em Mato Grosso.

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