Uma mulher de 31 anos, vítima de duplo sequestro e tortura com mais de 50 chibatadas em Sorriso, foi retirada do estado de Mato Grosso sob escolta para garantir sua segurança. A medida emergencial foi adotada após novas ameaças da facção criminosa envolvida no caso. A vítima agora contará com proteção das autoridades e prestará depoimento à polícia por videoconferência.
A mulher foi sequestrada pela primeira vez na última sexta-feira (2), após sair do trabalho. Ela foi mantida em cativeiro, agredida, e teve a motocicleta roubada. A polícia conseguiu localizar o local do cárcere no bairro Jardim Primavera e prendeu três homens em flagrante. Outros dois suspeitos foram detidos posteriormente, totalizando cinco integrantes da quadrilha capturados até o momento.
Durante as diligências, a vítima relatou que havia deixado o crime e trabalhava honestamente, mas foi alvo da facção por não reembolsar uma suposta perda financeira após ser presa com entorpecentes. Segundo a investigação, a primeira sessão de tortura foi exibida em vídeo a um detento da Penitenciária Central do Estado (PCE) como parte de um julgamento paralelo, o chamado “tribunal do crime”.
Após ser libertada, a mulher foi novamente sequestrada. Desta vez, os criminosos a forçaram a gravar um vídeo em que negava o primeiro sequestro, tentando induzir a polícia de Mato Grosso ao erro. O material circulou nas redes sociais, mas foi desconsiderado pelas autoridades, que o classificaram como prova fraudulenta obtida sob tortura e coação.
“Ela só não foi morta porque os criminosos precisavam dela viva para gravar o vídeo. Agora está em segurança”, afirmou a polícia, ressaltando que a vítima e seus familiares foram removidos da cidade de forma urgente após acolhimento na delegacia.
A mulher usava tornozeleira eletrônica e foi rendida ao sair do trabalho. Um simulacro de arma de fogo usado no crime foi apreendido com dois suspeitos no bairro Rota do Sol, durante patrulhamento da Polícia Militar. A investigação continua, com foco em apurar a participação de presos da PCE e em responsabilizar os envolvidos pelas agressões e tentativa de obstrução da Justiça.