Projeto da UFMT combate mitos sobre sapos e conscientiza alunos sobre importância da fauna pantaneira

Fonte: CenarioMT

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Quem nunca ouviu que sapo “joga leite”? Essa é apenas uma das crenças populares que o Projeto Sapo Pantaneiro, desenvolvido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), vem enfrentando com ciência e educação. A iniciativa, coordenada pelo professor Matheus Oliveira Neves, já alcançou mais de 1.500 estudantes da rede pública em municípios como Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Poconé, promovendo o conhecimento sobre anfíbios e répteis e incentivando a preservação da fauna pantaneira.

O projeto de extensão, vinculado ao Instituto de Biociências da UFMT e ao Programa de Pós-graduação em Zoologia, promove palestras interativas com imagens, vídeos e sons que facilitam a compreensão e despertam o interesse dos alunos. A proposta é aproximar a universidade das escolas e desconstruir medos e equívocos sobre animais fundamentais para o equilíbrio ecológico.

“Com o uso de material visual, as apresentações tornam-se mais dinâmicas. Muitos chegam com receios, mas ao final, ao ver e tocar os animais fixados, percebem que sapos e rãs não são perigosos. Explicamos que eles não ‘soltam leite’, mas sim um veneno branco e leitoso, liberado apenas quando estão sob ataque. Esse veneno não faz mal ao ser humano, mas pode causar irritação nos olhos e mucosas se houver contato direto”, explica o coordenador Matheus Neves, que também integra o Laboratório de Herpetologia da UFMT.

Entre as escolas atendidas, o projeto alcançou também comunidades indígenas e quilombolas, como a Casa Warao (de indígenas venezuelanos) e a Comunidade da Terra Prometida. “Muitos professores destacam que essa atividade é uma forma da universidade chegar até os estudantes, rompendo distâncias e levando conhecimento de forma lúdica e concreta”, acrescenta o professor.

Além dos aspectos biológicos, o projeto orienta sobre como retirar esses animais das casas de forma segura e sem causar-lhes danos, promovendo a convivência pacífica entre humanos e animais silvestres. Também são discutidos os cuidados necessários com animais de estimação, como cães e gatos, que podem ser intoxicados ao morderem sapos.

Com respaldo científico, o projeto também se apoia em estudos como o levantamento feito entre 2015 e 2020, que analisou 220 nascentes urbanas do Cerrado. A pesquisa da UFMT identificou 45 espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas) e 33 de répteis nessas áreas, o que representa 21% e 12% das espécies conhecidas no bioma, respectivamente — números que destacam a importância da preservação mesmo em regiões urbanizadas.

A agenda do Sapo Pantaneiro segue ativa. No dia 17 de maio, o projeto levou sua proposta ao Colégio Portal, com palestra voltada a alunos e familiares. No próximo dia 30, estudantes do Ensino Médio de Barra do Bugres conhecerão a UFMT durante o Projeto Pré-Enem. Escolas interessadas em receber o projeto podem entrar em contato pelo Instagram (@projetosapopantaneiro) ou pelo WhatsApp (32) 98809-5518.

A ação conta com apoio da Fundação Rufford, Fundação Ecotrópica, Fapemat, Capes e da própria UFMT. A cada semestre, o projeto avança, contribuindo com educação ambiental e fortalecendo os laços entre ciência, escola e sociedade.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista | DRT: 0001781-MT