Povos indígenas fortalecem segurança alimentar em Mato Grosso

Programa de Aquisição de Alimentos impulsiona autonomia e nutrição nas aldeias Umutina e Xavante com produção local.

Fonte: da Redação

Povos indígenas fortalecem segurança alimentar em Mato Grosso
Povos indígenas fortalecem segurança alimentar em Mato Grosso - Foto: Assessoria Seaf

Barra do Bugres (MT) — Povos indígenas das etnias Umutinabalatiponé e Xavante, de 15 aldeias nos territórios Umutina e São Marcos, receberam as primeiras entregas do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Indígena, conforme divulgado pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf-MT). A iniciativa, realizada em parceria com a Empaer e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), prevê investimento de R$ 1 milhão para fortalecer a segurança alimentar e a autonomia produtiva em Mato Grosso.

Produção local e autonomia comunitária

De acordo com a Seaf, 455 quilos de alimentos foram entregues por 13 produtores indígenas da Terra Indígena Umutina à Escola Estadual Jula Paré, que atende cerca de 600 alunos. O excedente será destinado a famílias em situação de vulnerabilidade nas aldeias Katamã, Cachoeirinha, São José, Uapo e Massepô. Entre os produtos cultivados estão mandioca, farinha, mel, abobrinha, quiabo, maxixe e milho verde.

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O cacique Felisberto Cupudunepá Filho destacou que a produção começou há três anos, com apoio da Seaf, que forneceu sistemas de irrigação, tratores, implementos e veículos. “Desde então, entregamos alimentos à Conab e participamos do PAA, fortalecendo nossa autonomia”, afirmou. A Aldeia Massepô tornou-se referência ao produzir o primeiro café indígena de Mato Grosso.

Educação e cultura alimentar

Segundo o cacique, o programa contribui para valorizar os hábitos tradicionais. “As crianças passam a consumir alimentos da própria cultura. Isso preserva nossa tradição e melhora a qualidade da alimentação no território”, ressaltou. A abordagem reforça princípios de soberania alimentar reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

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Expansão e impacto regional

O extensionista da Empaer em Barra do Bugres, Irapuan Rodrigues da Silva, explicou que 18 famílias estão cadastradas na produção, incluindo criadores de aves e agricultores familiares. “O importante é que as políticas públicas começaram a funcionar no território”, observou.

Em Barra do Garças, nove aldeias Xavante da Terra Indígena São Marcos também foram contempladas. A superintendente da Seaf, Maricilda Farias do Nascimento Gonçalves, destacou que a entrega marca “o pontapé inicial da autonomia alimentar indígena”. O professor Carmelo Tsirobo Moritu, da Escola Estadual Indígena Ulisses Guimarães, afirmou que o projeto “fortalece a segurança alimentar e reduz a dependência de compras fora da aldeia”.

Próximos passos do PAA Indígena

O técnico da Empaer, Ítalo Machado, lembrou que os Xavantes enfrentaram vulnerabilidade alimentar por anos. “Agora, colhemos os frutos do trabalho conjunto da Seaf, Funai e prefeituras”, disse. Até dezembro, serão realizadas entregas semanais de produtos como mamão, melancia, limão, peixes, pães e polpas de frutas em nove municípios, entre eles Gaúcha do Norte, Campo Novo do Parecis, Peixoto de Azevedo e Juara.

Saiba mais

  • O PAA foi criado em 2003 pelo Governo Federal para promover o acesso à alimentação e fortalecer a agricultura familiar.
  • A insegurança alimentar afeta 4 em cada 10 famílias indígenas no país.
  • Em Mato Grosso, mais de 70 comunidades indígenas participam de programas de fomento agrícola da Seaf e Empaer.

Reportagem baseada em informações da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf-MT), Empaer e Funai.

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