A Polícia Civil prendeu, na última sexta-feira (13 de junho), em Ribeirão Cascalheira, Mato Grosso, um homem de 38 anos, suspeito de assassinar sua companheira, de 39 anos. O crime ocorreu em 5 de junho, na cidade de Água Boa.
No dia do ocorrido, o próprio suspeito procurou a Delegacia de Água Boa, alegando ter chegado em casa e encontrado a mulher caída, sem vida e com sinais de violência. A Polícia Civil e a Politec foram acionadas para iniciar a perícia no local.
O homem afirmou que havia saído para trabalhar às 7h30 e, por volta das 10h, tentou ligar diversas vezes para a companheira sem sucesso, o que o fez retornar para casa, onde a encontrou morta.
Ele ainda tentou desviar o foco das investigações, alegando que a mulher teria sido ameaçada de morte recentemente por uma suposta dívida com uma facção criminosa e que estaria passando por problemas pessoais.
Mencionou também que estavam juntos há cerca de dois meses e que, na madrugada anterior ao crime, a vítima teria apresentado comportamentos estranhos, saindo de casa várias vezes sem dizer para onde ia.
Inconsistências na versão e motivações suspeitas
Durante a perícia, foi confirmado que a mulher foi assassinada com uma arma cortante ou perfurante, que não foi encontrada. As inconsistências nas falas do companheiro levantaram suspeitas, levando à apreensão de seu celular.
Segundo o delegado responsável pela investigação, a casa não apresentava sinais de arrombamento, e o celular e a motocicleta da vítima estavam no local, fatos que chamaram a atenção da equipe. “A própria dinâmica do crime dá a entender que a pessoa que cometeu esse crime era conhecida da vítima. Porque não tinha arrombamento do portão, a casa não estava com nenhuma desordem, o sangue da vítima somente no quarto. Então, quem praticou esse crime, praticou dentro da casa, dentro do quarto, mediante golpes na cabeça e das costas da vítima”, explicou o delegado. Ele acrescentou que o instrumento do crime possivelmente seria uma chave de roda ou outra ferramenta, já que o suspeito trabalha como mecânico.
Outro ponto que levantou desconfiança foi o fato de o companheiro ter ido direto à delegacia, em vez de buscar socorro médico ou acionar vizinhos. A hipótese da polícia é que o crime foi cometido nas primeiras horas da manhã, antes do horário de trabalho da vítima, e que o suspeito teria tentado criar um álibi.
A versão sobre dívidas com facção criminosa foi refutada pelas investigações. Ninguém ouviu barulhos ou viu estranhos na casa, e foi constatado que, apesar de a vítima ser usuária de drogas, ela tinha um emprego formal e não possuía dívidas com o tráfico.
Ao aprofundar as investigações sobre o suspeito, a polícia descobriu que ele possuía histórico de violência doméstica e que mentiu sobre suas atividades no dia anterior e na madrugada do crime. O celular da vítima revelou que o casal estava em processo de separação, e o suspeito não aceitava o fim do relacionamento. A vítima já não o permitia entrar na residência, querendo apenas que ele pegasse suas roupas.
“A gente confirmou que o relacionamento deles era bastante conturbado, eles ficavam em idas e vindas. Além disso, nós apuramos também que a vítima era portadora de HIV e ela não o tinha informado sobre esse fato. Ele tinha descoberto há poucos dias”, acrescentou o delegado.
Ainda, o investigado levantou mais suspeitas ao tentar reconhecer uma união estável com a vítima no mesmo dia do assassinato, buscando ter acesso a valores que ela teria a receber de uma ação judicial contra a prefeitura. Ele chegou a pedir dinheiro ao advogado da família nesse momento.
Após o crime, o suspeito viajou para Ribeirão Cascalheira, onde sua família reside. Ele chegou a ser agredido por uma facção criminosa local por tentar associar a morte da companheira à facção, mas conseguiu escapar alegando que a dívida da vítima era com um grupo rival, o que também não foi comprovado pela investigação.
Diante das evidências, o delegado representou pela prisão do suspeito, que foi deferida pela Justiça. O mandado de prisão preventiva foi cumprido na sexta-feira (13 de junho). Ele foi encontrado na casa de sua irmã, no Bairro Cinco de Maio, em Ribeirão Cascalheira, e outro celular foi apreendido.
Mesmo diante das provas, o suspeito continua negando o crime, insistindo na versão da dívida da vítima, ora com facção, ora sem saber o devedor. “Não foi confirmada nenhuma dívida. A gente analisou os celulares dela. Ela não tinha dívida de drogas com facção nenhuma. Ela realmente era usuária de drogas, mas mantinha o vício com o trabalho dela. Todos os elementos apontam que não tinha nenhuma outra pessoa na casa e que foi ele o autor desse fato, apesar de ele continuar negando”, finalizou o delegado.
