Mato Grosso voltou a figurar no epicentro de uma investigação da Polícia Federal (PF) que mira um esquema de lavagem de dinheiro intrinsecamente ligado à suposta compra de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A deflagração, na manhã desta terça-feira (13), da quinta fase da Operação Sisamnes, cumpriu mandados de busca e apreensão e determinou o sequestro de bens e valores também em território mato-grossense, além de São Paulo e Distrito Federal.
As diligências da PF em Mato Grosso, São Paulo e no Distrito Federalvisam desmantelar a intrincada rede financeira e empresarial que, segundo as investigações, foi meticulosamente criada para dissimular a origem ilícita das propinas destinadas a influenciar o judiciário superior. O objetivo primordial era romper o elo direto entre os corruptores e os servidores públicos supostamente corrompidos, tornando o rastreamento do dinheiro ilegal mais complexo.
A nova etapa da Operação Sisamnes, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), demonstra a continuidade e o aprofundamento das investigações que tiveram seu pontapé inicial em Mato Grosso, com a primeira fase deflagrada em novembro do ano passado. Naquela ocasião, o foco eram supostos crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional, culminando no afastamento de desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
A análise de informações obtidas a partir da investigação inicial, incluindo dados do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro, pavimentou o caminho para a identificação dessa sofisticada engrenagem de lavagem de dinheiro. A presença de mandados e medidas cautelares sendo cumpridas em Mato Grosso nesta nova fase reforça o papel central do estado no esquema investigado.
A Polícia Federal apura em âmbito nacional, e com ramificações em Mato Grosso, crimes graves como lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, operação de mercado de câmbio clandestino, evasão de divisas e organização criminosa. A determinação do STF de proibir os investigados de deixarem o país, com a consequente apreensão de seus passaportes, sinaliza a seriedade e a complexidade do caso, que continua a expor as fragilidades do sistema judicial e a atuação de grupos organizados em busca de influenciar decisões nos mais altos escalões do país.