Na Itália, cuiabana descreve pandemia de Covid-19: “Falavam que quem passou por guerra não tinha medo de vírus”

Fonte: OLHAR DIRETO

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Foto: Arquivo pessoal

Na Itália desde o final do ano passado, a cuiabana Francielle Claudino Brustolin acreditava que o coronavírus não iria tomar tamanha proporção. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a situação como pandemia, o que significa que o vírus é considerado capaz passar por continentes. O total de pessoas infectadas pelo covid-19 no país mais afetado da Europa ultrapassa 26 mil. As mortes chegam 2,5 mil.

Na 20º semana de gestação, Francielle passava uma temporada em Turim, capital de Piedmont, no norte de Itália, com o marido Sadi Luiz Brustolin e os três filhos que possuem cidadania no país. A mãe e a irmã pretendiam visitá-los no próximo mês, mas a viagem ainda é incerta.

Já em Mato Grosso, até então, 15 casos suspeitos estão sendo avaliados. Um caso foi confirmado em Cuiabá, mas ainda aguarda contraprova para ser contabilizado pelas autoridades.

“Achávamos que não era nada. Só acordamos quando as mortes começaram a acontecer as centenas de um dia para o outro. Dia 9/3 saiu o decreto fechando tudo com exceção de mercado, farmácia, hospitais e clínicas, estabelecendo multa para quem saísse de casa sem documento assinado com justificativa que contivesse cunho emergencial”, disse a servidora.

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“Pensamos, como está acontecendo no Brasil, que era mais uma gripe. Que a letalidade era baixa. Que não ia ser preocupante. Dia 23/2 decretou fechamento das escolas por uma semana por precaução. Mas mantiveram shopping, cinemas, restaurantes abertos Depois outro decreto fechando restaurantes após as 18h e outras medidas. Dia 9/3 fechamento total”, acrescentou.

No Brasil, o Ministério da Saúde atualizou para 234 o número de pessoas contaminadas pelo vírus e há outros 2.064 casos suspeitos aguardando resultado. A primeira morte foi registrada. O paciente se trata de um homem de 62 anos, morador de São Paulo, que tinha diabetes e hipertensão.

Francielle recorda que os italianos minimizavam a situação. ” Os italianos não estavam nem aí. Falavam que quem passou por guerra não tinha medo de vírus. Que o sistema de saúde daqui é ótimo e ia dar tudo certo. Os números falam por sim mesmo, é absolutamente verdade a pandemia”, assevera.

“Eu vejo pessoalmente aqui, nada é eficaz até agora. Estamos vivendo absoluto isolamento e estamos na esperança de baixar os números. Basicamente 12 dias atrás eu era quem  também não acreditava que ia virar uma pandemia e afetar tudo. Não fui atrás de máscara, não acreditava assim como os italianos que viviam normalmente achando que não ia piorar tanto. Turim tinha 11 contaminados dia 5/3. Hoje, são 749. Isso que estamos vivendo isolamento absoluto”, conta.

Apesar da situação caótica, a servidora diz que os mercados não sofrem com a falta de abastecimento. “Estão sempre fartos e não falta nada. Aqui os fornecedores são locais, não tem a logística de caminhão como tem aí pra chegar as coisas”, explica.

“A gente passou por fase de não acreditar, de viver normalmente, quando assustamos já foi. Não estamos presos em casa, estamos resignados, em oração e curtindo o que verdadeiramente importa na vida, momentos preciosos em família. No final ninguém mais será o mesmo se souber aceitar e ter empatia pelo próximo. É um cenário absolutamente novo para nós beirando os 40 anos. Nunca passamos ou imaginamos passar por isso. Mas tudo tem um propósito”, finaliza.