Um levantamento recente sobre a distribuição de médicos no Brasil, denominado Demografia Médica 2025, expôs uma notável desigualdade na presença de cirurgiões gerais pelo país. Essa situação coloca Mato Grosso entre as 17 unidades federativas com um índice inferior à média nacional, que aponta para aproximadamente 21 cirurgiões para cada 100 mil habitantes. No estado mato-grossense, essa proporção é de cerca de 18,5 especialistas para o mesmo contingente populacional.
O estudo do Ministério da Saúde indica que 678 cirurgiões gerais atuam em Mato Grosso. Em comparação, o Distrito Federal apresenta a maior concentração desses especialistas em relação à sua população, seguido por Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Na outra extremidade, estados como Pará, Maranhão e Acre registram os menores índices.
A pesquisa também observou uma correlação entre a baixa concentração de cirurgiões gerais e a escassez de anestesiologistas. Mato Grosso exemplifica essa tendência, com 407 anestesiologistas, o que corresponde a cerca de 10 profissionais para cada 100 mil habitantes, abaixo da média do país, que é de aproximadamente 12.
O levantamento aponta que Mato Grosso possui um total de 9.141 médicos, resultando em uma média de pouco mais de dois médicos por mil habitantes. Contudo, a distribuição desses profissionais é bastante centralizada, com quase metade deles exercendo em Cuiabá, elevando a média na capital para mais de seis médicos por mil habitantes. O restante dos médicos está disperso pelo interior do estado.
Quanto à especialização, pouco mais da metade dos médicos em Mato Grosso são especialistas. A pesquisa reforça a distribuição desigual desses profissionais, com o estado apresentando uma proporção de cerca de 135 especialistas para cada 100 mil habitantes, inferior à média nacional de aproximadamente 184. A maioria dos especialistas também se concentra em Cuiabá.
A menor proporção de cirurgiões gerais em Mato Grosso suscita preocupações, dada a importância desses médicos para atendimentos emergenciais, procedimentos hospitalares e tratamento de enfermidades graves. Essa carência pode afetar a qualidade da assistência médica e a capacidade do sistema de saúde de responder prontamente às necessidades da população.
O estudo nacional também revela que muitos cirurgiões atuam tanto no setor público quanto no privado, enquanto uma parcela menor trabalha exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A falta de equipe, notadamente de anestesistas, também é apontada como causa de cancelamento de cirurgias em âmbito nacional. Para o Ministério da Saúde, os dados sublinham a necessidade de ampliar o acesso a cirurgias pelo SUS e buscar colaborações com a rede privada para otimizar o atendimento especializado.