Lucas: Produtores de proteína animal têm encontrado dificuldades em negociações com indústria

Anualmente, representantes dos segmentos discutem custos de produção e preço a ser pago pelo produto, mas indústria tem procurado reduzir valor da proteína animal

Fonte: Da Redação

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Representantes dos produtores de proteína animal de Lucas do Rio Verde e da indústria alimentícia estão num impasse quanto ao custo de produção. Por meio de uma comissão, as partes se reúnem para tratar do preço pago pela indústria aos produtores. No entanto, mesmo em meio a pandemia, a empresa tem sinalizado pagar menos que o valor negociado em 2020.

Conforme Pablo Artifon, coordenador dos produtores na Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadec), o impasse vem se arrastando há pelo menos 4 meses.  A Cadec é uma comissão que reúne representantes da indústria e dos produtores de proteína animal. Nos encontros da comissão ocorrem as negociações dos detalhes da produção e demais assuntos relacionados.

“Normalmente entre estes ajustes está a condição da renda paga ao produtor baseado no contrato que se tem com a BRF. Isso vale para toda a cadeia de produtores de frango, ovos e suínos que entrega sua produção para a indústria”, explicou Pablo em entrevista a imprensa.

Oferta de menor preço

Ele acrescenta que esse é um procedimento que acontece há mais de 10 anos. “Em alguns anos isso acontece com mais facilidade e outros, devido a economia, com mais dificuldade. Esse ano, temos tido uma dificuldade enorme na representação com associados e infelizmente estamos trabalhando com todos os preços e remunerações de 2020”, detalhou. “Estamos com dificuldades na negociação, onde estamos desde 25 de novembro de 2020 tentando resolver a questão. Mas a proposta da BRF para esse ano, é simplesmente reduzir a renda produtores com relação a 2020”, explicou.

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Artifon afirmou que os produtores não podem assumir prejuízos com a atividade e que, se preciso for, outras medidas serão tomadas. “A questão da judicialização é um último estágio. Mas sim, a gente numa situação como a que acontece atualmente, pode estar buscando isso e olhar para essa possibilidade um pouco mais de perto”, ressalta.

Aumento de custos

De acordo com a Embrapa, os custos de produção de frango de corte e de suínos continuam subindo. Apenas em fevereiro, os custos para os frangos de corte aumentaram 6,89%, enquanto que para suínos a alta foi de 3,74% em relação a janeiro. O ICP Frango chegou a um novo recorde nominal no segundo mês do ano ao marcar 378,56 pontos (em dezembro de 2020 estava em 336,88 pontos). No ano, a alta acumulada é de 12,02% e chega a 48,30% nos últimos 12 meses. Os custos com a alimentação das aves subiram 13,26% somente em 2021. Assim, o custo de produção do quilo do frango de corte vivo no Paraná, produzido em aviário tipo climatizado em pressão positiva, passou dos R$ 4,58 em janeiro para R$ 4,89 em fevereiro

Já o ICP Suíno alcançou os 393,48 pontos, também novo recorde nominal, em fevereiro. O acumulado no ano é de 4,84% e, nos últimos 12 meses, o aumento já é de 48,74%. A nutrição dos suínos, item que compõe 82,16% dos custos de produção, aumentou 4,53% em fevereiro. Assim, o custo por quilo vivo de suíno produzido em sistema de ciclo completo em Santa Catarina subiu R$ 0,25 entre janeiro e fevereiro, passando de R$ 6,63 para R$ 6,88.

Os estados de Santa Catarina e Paraná são usados como referência nos cálculos por serem os maiores produtores nacionais de suínos e de frangos de corte, respectivamente.

É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.