Uma operação do Mato Grosso, realizada nesta quarta-feira (18) por agentes do Ibama, mirou o garimpo ilegal de ouro na região de Pontes e Lacerda. A ação contou com apoio de helicópteros e resultou na fuga de vários garimpeiros, que tentaram inutilmente esconder equipamentos utilizados na extração clandestina.
Vídeos obtidos mostram homens e mulheres correndo enquanto a aeronave se aproxima. Nas imagens, também é possível ver equipamentos sendo destruídos pelos agentes. Em uma das tentativas, um grupo tentou soterrar uma escavadeira, conhecida como “PC”, na tentativa de evitar sua destruição.
Em fevereiro de 2024, a Polícia Federal já havia identificado uma base de exploração ilegal na zona rural do município. Na ocasião, foram encontrados suspeitos operando escavadeiras hidráulicas e motores estacionários, equipamentos essenciais para a extração do ouro.
Os investigados informaram que a atividade criminosa começou em agosto de 2024. Durante aquela ação, foram apreendidos celulares e veículos, posteriormente levados para a cidade de Cáceres.
O Ibama possui respaldo legal e técnico para destruir os equipamentos encontrados no garimpo ilegal. A justificativa é impedir que os criminosos retornem ao local e retomem as atividades. A destruição é considerada uma medida eficaz, já que remover os maquinários nem sempre é viável por questões de segurança e logística.
Para cada destruição, o órgão precisa apresentar laudos, fotos e relatórios que comprovem a necessidade da medida, evitando questionamentos sobre possíveis abusos. As operações são realizadas em conjunto com a Polícia Federal, Funai, Forças Armadas e órgãos de segurança pública locais.
Esse tipo de repressão não é novidade. Em maio, garimpeiros ilegais do rio Madeira, no Amazonas, chegaram a discutir um motim armado contra uma operação da Polícia Federal. Mensagens em grupos de WhatsApp alertavam sobre a movimentação das forças de segurança e compartilhavam imagens de viaturas nas estradas.
Em março de 2024, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a presunção de boa-fé na comercialização do ouro, exigindo que os compradores comprovem a origem legal do minério. A mudança, que começou com uma liminar do ministro Gilmar Mendes em 2023, visa dificultar a comercialização do ouro extraído de áreas ilegais, incluindo terras indígenas e unidades de conservação.
De acordo com um estudo do Instituto Escolhas, publicado em setembro de 2024, os impactos da decisão foram significativos. Enquanto em 2022 o país produziu oficialmente 31 toneladas de ouro, esse número caiu para 17 toneladas em 2023, uma redução de 45%. No primeiro semestre de 2024, a produção oficial despencou 84% em comparação ao mesmo período de 2022, revelando o alto volume de ouro ilegal que circulava no mercado.