Mais do que trilhos que unem diferentes regiões de Mato Grosso ao restante do país, a Ferrovia Estadual Senador Vicente Emílio Vuolo está sendo construída com um olhar atento para a biodiversidade do Cerrado mato-grossense. Responsável pelo projeto e execução das obras, a Rumo – maior operadora de ferrovias do Brasil – tem implementado um amplo programa de sustentabilidade que garante a proteção da fauna e da flora em todas as etapas da obra. Entre as principais medidas, estão as mais de 150 estruturas de transposição de fauna, que incluem passagens para animais terrestres e arborícolas.
A Ferrovia de Mato Grosso terá mais de 700 quilômetros de trilhos, partindo de Rondonópolis para Cuiabá e seguindo até Lucas do Rio Verde. O projeto que levará a produção agrícola mato-grossense ao Porto de Santos (SP) teve sua primeira fase iniciada em 2022, com um trecho de 160 km de extensão em andamento, que inclui estruturas como pontes, terminal de cargas, passagens de nível e viadutos. Entre eles está um viaduto vegetado, pioneiro no estado, com 27 metros de comprimento e 20 metros de largura, projetado especialmente para a travessia segura de animais silvestres, sem que haja interferência ou risco com o trânsito ferroviário.
“A estrutura tem como principal finalidade facilitar o deslocamento da fauna silvestre, promovendo também o fluxo ecológico e a manutenção da variabilidade genética, especialmente de espécies ameaçadas ou vulneráveis, que tendem a evitar passagens convencionais mais estreitas, como as existentes em viadutos inferiores e superiores tradicionais”, explica Paula Tagliari, que é gerente na área de Gestão Ambiental e Expansão da Rumo.
A gerente destaca ainda que o viaduto vegetado começou a ser construído no ano passado e está localizado no município de Poxoréu. A área foi definida com base nos dados obtidos por meio das atividades de resgate e monitoramento da fauna.
“Foi possível identificar um conjunto significativo de espécies que utilizam os fragmentos e corredores existentes e assim, poderão se beneficiar diretamente da implantação do viaduto vegetado”, assegura Paula Tagliari.
Números e parcerias importantes no monitoramento da fauna silvestre
No ano passado, o programa de monitoramento de fauna realizou 18.304 registros de animais de 694 espécies, somente na região em que estão sendo realizadas as obras da primeira fase da Ferrovia de Mato Grosso. O trabalho conduzido por equipes de especialistas da Rumo contou com a parceria de cinco universidades que atuam na identificação e preservação de espécimes. Quando necessário, os animais são afugentados ou resgatados pelas equipes, com suporte de dez clínicas veterinárias e laboratórios parceiros para o armazenamento científico, além das universidades.
“Essa cooperação contribui para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade local, fortalecer as coleções científicas e cumprir as exigências legais estabelecidas pelos órgãos ambientais”, destacou Paula Tagliari.
Ainda em 2024, as equipes promoveram o salvamento de 10.592 animais de diferentes espécies, que foram realocados em áreas vizinhas às obras, garantindo habitats semelhantes aos originais.
O programa também realocou 199 colmeias de abelhas nativas, monitorou 144 ninhos e destinou 40 enxames de abelhas exóticas para apicultores locais. O levantamento de dados sobre as ações de fauna e flora faz parte do Relatório de Sustentabilidade 2024, apresentado pela Rumo neste ano.
Foco na preservação da vegetação do bioma Cerrado
Além da fauna, as ações de preservação incluem também a vegetação. Em Barra do Garças, como parte de medidas compensatórias, foram plantadas mais de 80 mil mudas nativas do Cerrado em uma área de 72 hectares, destinada à recuperação da Bacia do Alto Araguaia. Na própria área de construção da ferrovia, quatro módulos de monitoramento de vegetação indicaram o aumento no número de plantas e a baixa interferência do chamado “efeito de borda”.
“Esses resultados evidenciam a preservação da vegetação nas áreas próximas à obra, bem como a continuidade do desenvolvimento das comunidades vegetais, demonstrando estabilidade na dinâmica florestal e a efetividade das medidas de controle e mitigação ambiental implementadas”, conclui Paula Tagliari.
Belezas no caminho da Ferrovia de MT
Preservar e registrar! Um concurso fotográfico intitulado “A vida do Cerrado Mato-grossense – Pelos caminhos da Ferrovia de Mato Grosso” revelou olhares únicos sobre o bioma que abriga integralmente os trilhos da Rumo, em MT. Colaboradores da companhia e profissionais de empresas terceirizadas aceitaram um desafio diferente: captar em imagens as belezas que estão próximas ao projeto da nova ferrovia.
Divididos em duas categorias – fotos feitas por celulares e por máquinas fotográficas –, os participantes surpreenderam com criatividade e talento, registrando cenas que revelam curiosidades e detalhes encantadores da fauna e flora mato-grossenses. As fotos premiadas podem ser vistas no site: ferroviamt.com.br/noticias