Em Mato Grosso, 159 indígenas morreram com Covid-19 desde o início da pandemia

Fonte: G1 MT

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Foto: Montagem/G1

Desde o início da pandemia da Covid-19, 159 indígenas morreram pela doença em Mato Grosso e 19 aldeias foram afetadas, entre elas os Xavantes, Chiquitanos, Paresi, Umutina e Tapirapé. Os dados são da ONG Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Entre as últimas vítimas do novo coronavírus, estão a liderança Paresi, Vamdermiro Ferreira de Souza Yamore, de 71 anos, e a liderança Bakairi, Vítor Aurape Peruare, da Aldeia Pakuera, terra indígena Bakairi, em Paranatinga, no norte mato-grossense.

Vamdermiro Yamore esteve à frente do povo Paresi dos anos 70 até os anos 2000. Lutou pela demarcação da Terra Indígena Utiariti no início da década de 1980.

Nos anos 90, Vamdermiro foi autor, juntamente com Roberto Cavalcante, do primeiro pedágio indígena na MT-235.

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A filha dele, Nalva Yamamore, é a primeira médica indígena em Mato Grosso, e atualmente atua no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuiabá.

Já Vítor Aurape Peruare, do povo Bakairi, foi o primeiro jornalista indígena no estado de Mato Grosso.

Mestre em Sustentabilidade, foi servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), atuou no Museu Marechal Rondon da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e sempre foi um importante colaborador nas discussões sobre a criação da Federação do Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FepoiMT), na política indígena no estado.

Em fevereiro deste ano, morreu em Cuiabá, vítima da Covid-19, o casal indígena Juliana e Roque Teromnhi Eiwe, conhecido como Roque Xavante, de 57 anos.

Em 22 de abril deste ano, outra perda: o professor, historiador e ativista Esvanei Matucari Teixeira, de 45 anos, morreu enquanto estava internado no Hospital Regional de Cáceres, a 250 km da capital.

Esvanei era chiquitano, professor da Escola Estadual Criança Cidadã (Caic) e militante de movimentos sociais, especialmente das causas do povo indígena chiquitano.

Lideranças indígenas

No início de julho do ano passado, o líder indígena Domingos Mahoro, de 60 anos, morreu vítima da Covid-19. Ele era cacique da etnia xavante da terra indígena Sangradouro, na região do município General Carneiro, a 449 km de Cuiaba.

Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, e morreu após duas paradas cardíacas.

Três semanas depois, o indígena Nelson Mutzie Rikbaktsa, de 46 anos, morreu internado também no Hospital Santa Casa, em Cuiabá. Nelsinho, como era conhecido, era considerado uma liderança do povo Rikbaktsa.

Em agosto, o povos indígena perdeu outra liderança. O cacique Aritana Yawalapiti, de 71 anos, uma das maiores lideranças do Alto Xingu, faleceu após ser infectado pelo coronavírus. Ele morreu em um hospital em Goiânia.

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No mesmo mês, o líder indígena paresi João Akonoizokae, conhecido como João Titi, morreu em Tangará da Serra. Ele morava na aldeia Korehete, que fica na região de Tangará da Serra, e tinha Mal de Parkinson.

Ainda em agosto, outro cacique indígena não resistiu ao vírus. Nikaiti Mekranotire, de 76 anos, faleceu na Aldeia Kororoti, que fica em Guarantã do Norte (MT). Ele era uma das grandes lideranças do povo Kayapó, no estado. A morte dele foi a primeira registrada pela doença na aldeia.