O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apresentou denúncia contra um policial militar e um montador de móveis planejados pelo assassinato de um advogado de 72 anos, ocorrido em julho do ano passado em frente ao seu escritório no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. A denúncia foi formalizada na quinta-feira (15).
Segundo a acusação, o policial militar e o montador de móveis são responsabilizados por homicídio qualificado, com agravantes como promessa de recompensa, perigo comum, dificuldade de defesa da vítima e sua idade avançada. Além disso, ambos foram denunciados por fraude processual, por supostamente tentarem ocultar provas e obstruir as investigações, e por integrarem organização criminosa. O policial militar também enfrenta acusação de abuso de autoridade pelo uso indevido de seu poder.
A investigação do MPMT aponta que o montador de móveis, agindo sob a coordenação do policial militar, efetuou os disparos que tiraram a vida do advogado, utilizando uma pistola adaptada para tiros em rajada. A motivação do crime estaria ligada a uma disputa judicial envolvendo questões de terras e interesses financeiros.
As evidências coletadas durante a investigação sugerem que os dois denunciados planejaram o assassinato, monitorando a rotina da vítima antes da execução. O crime foi cometido em plena via pública, expondo outras pessoas a risco. Após o homicídio, o montador teria queimado objetos utilizados na ação e trocado de aparelho celular diversas vezes. Houve também tentativas de esconder a motocicleta utilizada na fuga.
A denúncia foi assinada por um grupo de promotores de Justiça que atuam no Núcleo de Defesa da Vida do MPMT.
Conexão com outro caso de violência policial
A investigação revelou uma ligação perturbadora com outro caso de violência policial ocorrido dias depois, em que quatro policiais militares foram denunciados pelo homicídio de um homem e pela tentativa de homicídio de outros dois, alegando um confronto armado que a investigação desmentiu. A perícia constatou que a mesma arma utilizada pelos policiais nesse segundo caso foi a utilizada no assassinato do advogado, levantando sérias questões sobre o envolvimento dos agentes de segurança em ambos os crimes.
Naquele segundo caso, os policiais foram acusados de fraude processual por alterar a cena do crime para simular um confronto e por abuso de autoridade. O MPMT sustenta que os homicídios consumado e tentados foram motivados por “justiça pelas próprias mãos”, com as vítimas sendo atacadas de surpresa, dificultando qualquer defesa, e com o objetivo de encobrir outros crimes.