Creas de Sinop faz alerta para sinais de relacionamento abusivo

Fonte: CENÁRIOMT

2 277

A Secretaria de Assistência Social, por meio do Cetro de Referência Especializada de Assistência Social, o Creas, tem desempenhado um papel muito importante e ajudando mulheres vítimas de violência a superarem seus traumas e seguirem em frente. Dados dos atendimentos mostram que de janeiro a março de 2020 um total de 16 mulheres estava em acompanhamento e, de abril a maio, esse número subiu para 25 mulheres, um aumento de 56%.

A psicóloga do Creas, Gláucia Moraes Gomes, alerta para que as mulheres fiquem atentas aos sinais de que estão em um relacionamento abusivo. “Os estudos e a prática comprovam que geralmente começa com a violência psicológica, quando a mulher já está muito fragilizada o agressor parte para violência física. Muitas vezes só quando chega nesse ponto é que a mulher percebe que não é normal. Infelizmente, mesmo após a agressão física, muitas acabam voltando. A partir do momento que os parceiros pedem desculpa elas acreditam que se derem uma chance as coisas vão ser diferente”, explica.

“Algumas só deixam os agressores após a primeira tentativa de morte. Quando parte para agressão no sentido de matá-la, nesse momento, ela foge e denuncia.  Até esse caminho existe um intervalo muito grande de sofrimento, de dificuldade, desproteção social, em todos os aspectos”, considerou.

“A orientação de nós profissionais que lidamos diretamente com a violência contra a mulher é a denúncia. Para essa mulher não aceitar ser humilhada, ser agredida, violentada. Nós orientamos que registre um boletim de ocorrência, busque ajuda. Ela pode pedir apoio do Creas a partir do momento em que sentir que está sofrendo agressão psicológica. Através de um processo de acompanhamento nós ajudamos essa mulher recuperar sua auto-estima e conseguir sair dessa relação, antes que ela se torne ainda mais danosa”, pontua Gláucia.

[Continua depois da Publicidade]

A psicóloga aponta ainda como amigos e familiares podem notar os sinais e ajudar a vítima. “Geralmente, uma mulher que está sofrendo uma violência doméstica, seja por parte do pai, irmão, filho ou marido, ela vai estar com auto-estima baixa, desanimada, desconcentrada, muitas vezes apresenta transtornos de humor ou ansiedade. Muitas vezes ela demora para pedir ajuda porque não consegue entender o que está acontecendo”.

“Algumas  vêm de um ciclo de violência no qual, na  infância,  presenciavam o pai agredindo a mãe e acabam achando que essas humilhações e agressões são naturais. Muitas vezes essa mulher é dependente financeiramente do marido, alimentou a vida inteira o sonho de ter uma pessoa que pudesse conviver e, por isso, tem uma certa dificuldade de deixar. É importante que as pessoas que estão ao redor, vendo esses sinais que ela demonstra,  a encorajem para que possa pedir ajuda, sair dessa situação”.

Uma das acompanhada pelas psicólogas do Creas é uma mulher de 37 anos, que foi casada por um longo período. Ela relata que após alguns anos começou a vivenciar violência psicológica e traição por parte do companheiro.  Logo depois, vieram as agressões físicas, com pancadas fortes na cabeça. Como tinha construído patrimônio e ainda amava o marido, ela demorou a aceitar que precisa por fim ao casamento.

Somente após uma grave agressão que a deixou à beira da morte decidiu procurar ajuda, fez boletim ocorrência, foi encaminhada ao CREAS onde foi inserida no PAEFI (Serviço de Proteção e atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos), onde recebeu acompanhamento psicossocial.

“Ela iniciou bem fragilizada, porém, com a continuidade foi ganhando força. Nos grupos expressava seus pensamentos e sofrimento, compartilhando com outras mulheres. Durante o processo de acompanhamento, conseguiu contratar um advogado, resolveu suas pendências com o ex-marido e iniciou um trabalho remunerado em um estabelecimento na sua área de atuação que é administração”.

“Após algum tempo, pediu demissão e estava pensando em reabrir sua loja, mas foi pega pela pandemia causada pelo Covid-19 e resolveu adiar para quando as condições melhorarem. Ela continua em acompanhamento no CREAS, pois as técnicas de referência entendem que não é eficaz desligá-la neste momento de sofrimento coletivo que vivenciamos. Ela tem conseguido ser mais resolutiva em suas questões pessoais e acredita que vai mais longe. Relatou que o ex- companheiro já a procurou, que ainda gosta dele, mas entende que não deseja mais essa relação que tanto a fez sofrer”, finalizou Gláucia.

Redatora do portal CenárioMT, escreve diariamente as principais notícias que movimentam o cotidiano das cidades de Mato Grosso.