A investigação da brutal morte da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, 16 anos, em Mato Grosso, aponta para um motivo torpe e perturbador: o ciúme do padrasto, da relação afetuosa entre a jovem e sua mãe, Suellen de Alencastro Arruda, que também foi vítima de violência, mas sobreviveu. As revelações do delegado Guilherme Bertoli, responsável pelo caso, lançam luz sobre a dinâmica familiar disfuncional que culminou na tragédia.
Segundo o delegado, o ciúme do acusado era tão intenso que ele via a própria enteada como uma “adversária” em sua relação com Suellen. Depoimentos colhidos durante a investigação revelaram que Heloysa não aprovava o relacionamento da mãe com Benedito e desejava que Suellen reatasse um vínculo amoroso anterior. Essa insatisfação da adolescente, aliada ao forte laço entre mãe e filha, teria inflamado a possessividade do padrasto.
O delegado Bertoli detalhou episódios que ilustram a obsessão do acusado: “Teve episódios que ela [Suellen] ia dormir no quarto com a filha e ele ia buscar a mulher de madrugada falando: ‘O homem da casa sou eu, você tem que dormir comigo’. Então ele tinha ciúmes desse carinho e cuidado dela com a filha”. Suellen era descrita por pessoas próximas como uma mãe dedicada e amorosa, e essa dedicação à filha parece ter sido a faísca que acendeu a fúria do padrasto.
A investigação sugere que o ciúme do acusado evoluiu para um sentimento de rivalidade em relação à enteada. “Isso gerou nele um sentimento como se ela fosse uma adversária. Na cabeça dele o empecilho era a filha”, concluiu o delegado, traçando um perfil sombrio do acusado e expondo a possível engrenagem psicológica por trás da violência que ceifou a vida de Heloysa e quase vitimou sua mãe. As autoridades seguem aprofundando as investigações para elucidar todos os contornos desse crime hediondo que chocou a comunidade local.