Novos exames laboratoriais do Cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, líder da etnia Kayapó, evidenciaram melhora no quadro infeccioso, conforme o boletim clínico desta sexta-feira (24), divulgado pelo Hospital Dois Pinheiros, em Sinop, a 503 km de Cuiabá, onde o indígena está internado.
Já o exame de colonoscopia realizado na quarta-feira (22) e que indicou inflamação intestinal ainda aguarda confirmação da análise da biópsia. Ainda hoje, Raoni passa por nova tomografia de tórax e novos exames laboratoriais.
Segundo o médico Douglas Yanai, o líder indígena passou a noite bem, sem febre, com a pressão arterial controlada e sem mais anormalidades.
“Ele já conversa de forma mais ativa com a equipe médica e manifesta sua ansiedade em voltar para o lar. Trabalhamos com a possibilidade de alta nos próximos dias, mas dependemos dos novos resultados dos exames”, pontua Yanai.
Na terça-feira (21) os médicos precisaram trocar a medicação do cacique para o tratamento da infecção intestinal.
Exames cardiológicos e pneumológicos de rotina detectaram fibrilação atrial crônica e enfisema de longa data, mas sem relação com as infecções e as úlceras que estão sendo tratadas.
A equipe médica iniciou medicação para diminuir o risco de trombose que pode acontecer por causa da fibrilação atrial.
Raoni permanece ainda em tratamento para as úlceras gástricas e quadro infeccioso com dieta hipercalórica e hiperprotéica.
Internação
O líder indígena foi internado em um hospital de Colíder, no dia 16 após passar mal. Já no dia 18 ele foi transferido de avião para Sinop após complicações gastrointestinais e desidratação.
Segundo a direção do Instituto Raoni, o cacique apresentou um quadro depressivo após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho, há um mês. Ela tinha diabetes e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Histórico
O líder indígena é reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos indígenas. Em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor Sting durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA).
Os dois se reencontraram em 2009 na cidade de São Paulo para conversar sobre a construção da Usina de Belo Monte.
Em novembro de 2012, Raoni foi recebido pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Na ocasião, o cacique pedia a preservação da Amazônia e dos povos que vivem na região.
No ano passado, Raoni foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de “peça de manobra” usada por governos estrangeiros para “avançar seus interesses na Amazônia”.
A declaração ocorreu após o cacique se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio para a defesa da Amazônia.