A Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira (16) uma operação para cumprir ordens judiciais contra membros de uma facção criminosa atuante em Mato Grosso. Entre os alvos está um advogado suspeito de integrar a organização, não apenas prestando assessoria jurídica, mas também participando diretamente de atividades ilícitas ligadas ao grupo.
A operação, batizada de Patrono do Crime, foi desencadeada após investigações que apontaram a atuação do profissional do Direito em crimes como associação para o tráfico de drogas, fraude processual, falsidade ideológica, favorecimento pessoal e comércio ilegal de armas de fogo. O suspeito também usava sua posição para consultar dados de terceiros a pedido da facção, com o objetivo de identificar possíveis rivais.
Além do advogado, quatro detentos — dois homens e duas mulheres — que cumprem pena em unidades prisionais do estado também são alvos da operação. Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão, expedidos pela Vara Única de Apiacás.
A ação contou com o apoio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), além de unidades das Delegacias de Paranaíta, Apiacás e do Núcleo de Inteligência de Alta Floresta. A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) também participou da operação, acompanhada por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil.
Segundo as investigações, o advogado ainda atuava na intermediação entre presos e comparsas em liberdade para resgatar drogas escondidas antes que fossem localizadas pela polícia. Em outra frente, era responsável por recuperar veículos roubados pela própria facção, recebendo valores das vítimas para a devolução dos automóveis.
O investigado tem histórico de condutas irregulares. Em fevereiro deste ano, foi flagrado tentando entrar na Penitenciária Central do Estado com 1,2 kg de cigarros escondidos no paletó. Em junho de 2023, chegou a ser conduzido à delegacia após ameaçar um promotor durante uma sessão do Tribunal do Júri. Em outro episódio, articulou a gravidez de uma detenta com a intenção de conseguir prisão domiciliar para ela, pedido que foi negado pela Justiça.
O nome da operação faz referência ao uso indevido das prerrogativas da advocacia, supostamente utilizadas para favorecer atividades criminosas, em desacordo com os princípios éticos e legais da profissão. A ação integra o planejamento estratégico da Polícia Civil dentro do programa Tolerância Zero, voltado ao enfrentamento das facções criminosas no estado.