O desempenho econômico de Mato Grosso em 2023 colocou o estado novamente entre os protagonistas do crescimento brasileiro. Segundo os dados do Sistema de Contas Regionais divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (14), Mato Grosso registrou um forte avanço de 12,9% no Produto Interno Bruto (PIB), o terceiro maior crescimento entre as 27 unidades da federação. Com isso, o estado reafirma sua posição como uma das principais potências econômicas do Centro-Oeste e do país.
O resultado expressivo foi impulsionado especialmente pelo agronegócio, que continua sendo o motor da economia mato-grossense, mas também recebeu apoio do setor de serviços e da indústria de transformação. A combinação desses fatores não apenas elevou o PIB estadual, como também aumentou a participação de Mato Grosso na economia nacional.
Agropecuária puxa crescimento e mantém MT no topo do ranking
A agricultura mato-grossense teve um papel central no crescimento de 2023. O cultivo de soja — atividade em que o estado é líder absoluto no país — foi determinante para a expansão do PIB, assim como a produção de milho e algodão, que também registraram forte desempenho. O setor agropecuário, altamente mecanizado e com produção em larga escala, movimentou desde a contratação de mão de obra até a cadeia de transporte, armazenagem e comercialização.
Além do campo, a indústria de transformação de Mato Grosso se destacou com a produção de álcool e alimentos processados, setores que ganharam relevância dentro da estrutura industrial do estado. O avanço desses segmentos ajudou a diversificar a base produtiva e a reduzir a dependência exclusiva do agronegócio bruto.
Centro-Oeste lidera expansão e MT se consolida como força econômica regional
O Centro-Oeste foi a região com maior crescimento do PIB em 2023, registrando alta de 7,6%. Dentro do bloco regional, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram responsáveis pelos maiores avanços, sustentando parte significativa da expansão. O crescimento contínuo do agronegócio, aliado a investimentos logísticos e à expansão das cadeias de processamento, contribuiu para esse resultado.
No ranking de participação econômica, Mato Grosso manteve seus 2,5% de peso no PIB nacional entre 2022 e 2023, mas com tendência de avanço contínuo — já que, entre 2002 e 2023, o estado foi o que mais ganhou espaço na economia brasileira, com aumento de 1,2 ponto percentual.
Mato Grosso tem o terceiro maior PIB per capita do Brasil
Os números divulgados pelo IBGE confirmam outra marca importante: Mato Grosso tem o terceiro maior PIB per capita do país, chegando a R$ 74.620,05 em 2023. O valor é bem superior à média nacional (R$ 53.886,67) e posiciona o estado à frente de grandes economias como Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Esse desempenho é reflexo direto do elevado valor adicionado pela agropecuária, do aumento da produtividade, da modernização do setor industrial e do crescimento das atividades ligadas ao comércio e aos serviços. Com população relativamente menor do que a de outros estados economicamente fortes, o valor per capita tende a ser elevado quando há aumento expressivo da produção.
Serviços também impulsionam resultado estadual
Embora o agronegócio tenha sido o grande protagonista, o setor de serviços teve papel crucial na expansão econômica mato-grossense. Atividades como administração pública, saúde, educação, comércio e reparação de veículos se destacaram no relatório do IBGE.
A ampliação das cadeias logísticas — especialmente as ligadas ao escoamento agrícola — impulsionou ainda mais o setor de serviços, já que houve demanda crescente por contratação de empresas de transporte, armazéns, oficinas mecânicas, serviços administrativos e suporte técnico.
Comparação nacional: MT entre os líderes e muito acima da média do Brasil
O crescimento de Mato Grosso (12,9%) foi quase quatro vezes maior que a média nacional, que ficou em 3,2%, e muito acima das principais economias do país. Estados como São Paulo e Pará cresceram apenas 1,4%; Rio Grande do Sul, 1,3%; e Rondônia, 1,3%.
Esse contraste evidencia a força econômica de Mato Grosso e sua crescente integração às cadeias de produção globais, especialmente na exportação de grãos e proteínas.

Ganho contínuo de participação desde 2002
No recorte histórico, Mato Grosso foi o estado com maior aumento de participação no PIB brasileiro nos últimos 21 anos. Entre 2002 e 2023, o estado avançou oito posições no ranking de PIB per capita e ampliou seu peso econômico em 1,2 p.p. — resultado superior ao de todas as demais unidades da federação.
No mesmo período, estados como São Paulo e Rio de Janeiro perderam relevância nacional, principalmente por queda no peso da indústria de transformação e das atividades extrativas. O movimento oposto vivido por Mato Grosso reforça o avanço do agronegócio e a capacidade de expansão na fronteira agrícola.
Perspectivas para os próximos anos
A tendência para Mato Grosso segue positiva. O estado continua atraindo investimentos privados, ampliando áreas de cultivo, recebendo novas plantas industriais e fortalecendo a infraestrutura de transporte — como as rodovias federais, ferrovias em expansão e corredores logísticos voltados à exportação.
Especialistas projetam que o estado seguirá acima da média nacional nos próximos anos, mas o grande desafio passa por diversificação econômica, ampliação da industrialização e investimentos sociais que acompanhem o ritmo acelerado da produção.
| Participação para Grandes Regiões e Unidades da Federação – PIB | |||
|---|---|---|---|
| Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação | Participação no Produto Interno Bruto (%) | ||
| 2002 | 2022 | 2023 | |
| Brasil | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
| Norte | 4,7 | 5,7 | 5,8 |
| Rondônia | 0,5 | 0,7 | 0,7 |
| Acre | 0,2 | 0,2 | 0,2 |
| Amazonas | 1,5 | 1,4 | 1,5 |
| Roraima | 0,2 | 0,2 | 0,2 |
| Pará | 1,8 | 2,3 | 2,3 |
| Amapá | 0,2 | 0,2 | 0,3 |
| Tocantins | 0,4 | 0,6 | 0,6 |
| Nordeste | 13,1 | 13,8 | 13,8 |
| Maranhão | 1,1 | 1,4 | 1,4 |
| Piauí | 0,5 | 0,7 | 0,7 |
| Ceará | 1,9 | 2,1 | 2,1 |
| Rio Grande do Norte | 0,9 | 0,9 | 0,9 |
| Paraíba | 0,9 | 0,9 | 0,9 |
| Pernambuco | 2,4 | 2,4 | 2,5 |
| Alagoas | 0,8 | 0,8 | 0,8 |
| Sergipe | 0,7 | 0,6 | 0,6 |
| Bahia | 4,0 | 4,0 | 3,9 |
| Sudeste | 57,4 | 53,3 | 53,0 |
| Minas Gerais | 8,3 | 9,0 | 8,9 |
| Espírito Santo | 1,8 | 1,8 | 1,9 |
| Rio de Janeiro | 12,4 | 11,4 | 10,7 |
| São Paulo | 34,9 | 31,1 | 31,5 |
| Sul | 16,2 | 16,6 | 16,8 |
| Paraná | 5,9 | 6,1 | 6,1 |
| Santa Catarina | 3,7 | 4,6 | 4,7 |
| Rio Grande do Sul | 6,6 | 5,9 | 5,9 |
| Centro-Oeste | 8,6 | 10,6 | 10,6 |
| Mato Grosso do Sul | 1,1 | 1,7 | 1,7 |
| Mato Grosso | 1,3 | 2,5 | 2,5 |
| Goiás | 2,6 | 3,2 | 3,1 |
| Distrito Federal | 3,6 | 3,3 | 3,3 |



















