Governo avalia recorrer ao STF após queda de decreto do IOF

AGU nega decisão tomada, mas declara que possíveis medidas judiciais estão sendo analisadas após revogação do decreto pelo Congresso.

Fonte: CenárioMT

Governo avalia recorrer ao STF após queda de decreto do IOF
Governo avalia recorrer ao STF após queda de decreto do IOF - Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou nesta quinta-feira (26) que ainda não há uma decisão oficial do governo federal sobre a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O decreto que previa a elevação foi derrubado pelo Congresso Nacional na quarta-feira (25).

A manifestação da AGU veio após a repercussão de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que citou o recurso ao STF como uma das alternativas para preservar o equilíbrio fiscal. A outra opção mencionada seria o corte no orçamento.

Em nota oficial, a AGU afirmou que “todas as questões jurídicas serão abordadas tecnicamente, após oitiva da equipe econômica”. Segundo o órgão, qualquer posicionamento definitivo será feito apenas pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, no momento oportuno.

Haddad classificou como “flagrantemente inconstitucional” a derrubada do decreto, ressaltando que a decisão final cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, é legítimo ao governo recorrer ao STF, assim como o Congresso tem o direito de rejeitar medidas do Executivo.

O decreto do IOF foi o primeiro do tipo a ser derrubado pelo Congresso em 30 anos. A decisão, que surpreendeu o Planalto, foi articulada rapidamente nas duas casas legislativas. Na Câmara, a medida foi rejeitada por 383 votos a 98. Pouco depois, o Senado confirmou a revogação em votação relâmpago liderada pelo presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Impacto fiscal e alternativas

Desde sua publicação, o governo argumentava que o aumento do IOF era necessário para preservar o equilíbrio fiscal e vinha negociando para evitar sua anulação. No entanto, a maioria dos parlamentares discordava do aumento como alternativa para cumprir o arcabouço fiscal, cobrando em vez disso o corte de despesas primárias.

A insatisfação no Congresso também envolve repasses de emendas e críticas a uma suposta articulação entre Executivo e Judiciário. Deputados e senadores demonstram desconforto com a narrativa de que o Parlamento favorece os mais ricos.

O governo, por sua vez, defende que o aumento atinge majoritariamente os mais ricos e ajudaria a evitar cortes em áreas essenciais. Segundo Haddad, se a medida for mantida como revogada, será necessário buscar receitas com a taxação de dividendos ou sobre o setor do petróleo. Caso contrário, os cortes podem atingir áreas como saúde, educação e habitação.

De acordo com especialistas, o impasse em torno do IOF levanta a questão de quem pagará a conta do ajuste fiscal. O governo precisa encontrar R$ 20,5 bilhões para cumprir a meta do orçamento de 2025, após já ter bloqueado ou contingenciado R$ 31,3 bilhões em despesas este ano.

Detalhes do decreto

Entre as medidas previstas no decreto estavam o aumento da taxação sobre apostas eletrônicas (bets), de 12% para 18%, e o reajuste da CSLL para fintechs, de 9% para 15%, equiparando-se aos bancos tradicionais. Também estavam incluídas a taxação de LCI e LCA, atualmente isentas de Imposto de Renda.

Essas ações integravam um conjunto de medidas econômicas elaborado pelo Ministério da Fazenda, junto a uma medida provisória, para reforçar as receitas do governo e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal.