Os ateus também são boas pessoas! Apenas não acreditam em Deus!

Mas de onde nasce a correlação entre não acreditar em Deus e ser bom?

Fonte: Fabiano de Abreu

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Divulgação

Um estudo desenvolvido na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Publicado no periódico Social Psychological and Personality Science, afirma que pessoas menos religiosas tendem a ser mais sensíveis às necessidades de um estranho.

Mas de onde nasce a correlação entre não acreditar em Deus e ser bom?

Drauzio Varella, ateu convicto, foi destaque na imprensa nesse início de ano ao abraçar uma presidiária “trans” que nunca havia recebido uma visita em 8 anos de encarceramento. Ele recebeu diversos elogios pela sua atitude altruísta, mas também severas críticas, em sua maioria, de comunidades religiosas que pediam e argumentavam que quem mereceria um abraço eram as pessoas lesadas pelo ato transgressor da detenta, e que deveriam ser expostos os motivos pelos quais levaram essa pessoa a estar presa.

Em resposta, Drauzio Varella escreveu uma nota que foi divulgada pelo Fantástico, no domingo, 08, onde ele finaliza: “Sou médico não juiz”, e completou dizendo que, como profissional da saúde e com anos de experiência em cuidados aos presos, nunca buscou saber o motivo que os levaram a prisão, para que ele próprio não fosse levado a agir emocionalmente, tendendo a ajudar os que possuem penas mais brandas. Sua obrigação é salvar vidas, disse ele, não julgar os atos de quem precisa de cuidados médicos, foi o que concluiu a nota divulgada no último domingo e que o Fantástico concordou inexoravelmente.

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Com vasta experiência no cuidado aos condenados, mais de três décadas de trabalho em presídios, o que gerou o livro mais famoso de sua carreira, “Carandiru”, o médico emocionou telespectadores e internautas com a matéria sobre mulheres transexuais presas e abandonadas por familiares. O abraço entre ele e uma das presas foi o ponto alto para a repercussão.

De acordo com o estudo citado nos primeiros parágrafos do texto, o religioso tende a entender a compaixão não como um ato movido pelas emoções e generosidade implícitas à sua personalidade, mas em outros fatores como, imposição da doutrina, necessidade de desenvolver uma identidade comunitária ou preocupações com a própria reputação.

Seguindo essa lógica, os religiosos já possuem o perdão embutido. Ao cometer erros, acreditam que ao se arrepender serão perdoados, então, tendem a cometer mais erros.

O religioso pode pode se apoiar na certeza, do chamo “céu garantido” e na “soberba” em acreditar que será levado a um bom lugar após a morte, e por pensar que é superior já que escolheu pelo que entende ser certo, que é a sua fé, enquanto outras pessoas que não comungam dos mesmos ideais, não terão a mesma sorte e nem a merecem.

A doutrina religiosa que diz o que temos que fazer e como devemos ser, resulta em um certo extremismo que leva ao julgamento um tanto quanto desumano. “Se você não acredita no que eu acredito, se não faz parte da minha comunidade religiosa, se não venera e louva a Bíblia de acordo com as minhas interpretações dela, você está errado”, é o que muitos religiosos, infelizmente, pensam.

Todos esses comportamentos são sentimentos e emoções que quando embutidas em nossa mente, ativam o que chamo de: “comportamento induzido pela manifestação da qualidade”.

O que seria isso? Quando a pessoa tem um comportamento egoísta, por exemplo, ele aciona a qualidade egoísta. Ele passa a ser egoísta para diversas outras coisas e ativa também os comportamentos que são reflexos das nuances de uma pessoa egoísta.

Por exemplo, uma pessoa egoísta pensa em si mesmo, correto? Nesse processo ela pode ativar o ego e se achar superior, o que o leva a tender a menosprezar o outro, o que ele pensa e sente. Então ela pode ativar uma outra qualidade que é de não se importar com o próximo.

Ao adotar o egoísmo em sua vida, a pessoa passa a querer que tudo seja do jeito dele e que as outras pessoas pensem e ajam como ele quer. O egoísta religioso pode, por exemplo, acreditar que a sua fé é maior que a dos outros, ou até mesmo ele pode ter sido induzido de que a fé tem que ser maior que dos outros

Muitos religiosos tentam denegrir os ateus, os caracterizando como pessoas potencialmente más, já que não temem a Deus, os vinculando, geralmente a uma vertente de pensamento nefasta, insinuando que trazem algo ruim dentro deles.

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Drauzio Varella chegou para desmistificar isso e dizer: A bondade e a compaixão não são propriedades dos religiosos, mas sim, de pessoas que as desenvolvem dentro de si.

Não defendendo os ateus e identificando-os como corretos, mas apenas desmistificando os rótulos dispostos a eles, o ateu é simplesmente uma pessoa que não acredita que exista nada de pois da morte e que quando morrermos entraremos em decomposição até desaparecer totalmente da terra. Ou que a morte do cérebro já determina o fim.

A questão é que poderá sim existir ateus que por não acreditarem em nada acabam por viver uma vida sem propósito e um tanto quanto insensível às necessidades alheias, mas o que quero apontar aqui é que não é uma regra. E a ciência finalmente pontuou isso.

Para o psicólogo social da UC Berkeley Robb Willer, co-autor do estudo, os ateus, em sua maioria, tendem a tomar atitudes sem necessitar receber nada em troca. “Essas descobertas indicam que, embora a compaixão esteja associada a – socialidade entre indivíduos menos religiosos e mais religiosos, esse relacionamento é particularmente robusto para indivíduos menos religiosos”, explicou ele.

Muitos ateus são pessoas inteligentes e intelectuais e, pessoas com este retrospecto tendem a fazer coisas boas pois é inteligente ser bom. Quem é bom reflete coisas boas para si, afinal, “o leve bater das asas de uma borboleta pode ser sentido do outro lado do mundo”.

Geralmente, grande parte dos ateus são pessoas que priorizam a razão e o raciocínio lógico e buscam ter um retorno favorável para eles ou para a sociedade que eles fazem parte.

Na religião, há os mandamentos que definem o que é certo e o que é errado e independente da sua crença, seja religioso ou ateu o certo é o certo.

A experiência humana de milhares de anos já definiu o que é moralmente condenável e o que é socialmente aceito, com base nas consequências das ações comportamentais.

Sejamos inteligentes e a cima de tudo, empáticos, se religiosos ou ateus, devemos desenvolver a capacidade de nos colocar no lugar do outro, alcançar a humildade para saber escutar, não julgar uma pessoa por conta de suas crenças e ter atitudes que promovam o melhor para a sociedade. Essa postura diante da vida irá refletir em si mesmo.

Sobre o autor do texto: Dr. Fabiano de Abreu

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Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.