O governo anunciou em Belém a quarta rodada do Eco Invest Brasil, que terá foco exclusivo na Amazônia e previsão de mobilizar até US$ 4 bilhões a partir de 2026. A iniciativa combina recursos públicos e privados em um modelo de financiamento misto voltado a projetos sustentáveis.
O programa utiliza capital catalítico, mecanismo que considera tanto retorno financeiro quanto impacto social, permitindo maior alavancagem de investimentos convencionais. A ação integra o Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente, com apoio do BID e de parceiros internacionais.
Foco na floresta em pé
Pela primeira vez, a iniciativa concentrará recursos apenas na Amazônia, priorizando atividades que reforcem cadeias produtivas sustentáveis e ofereçam alternativas econômicas ao desmatamento. Pequenas empresas, cooperativas, comunidades tradicionais e produtores locais compõem o público-alvo da nova rodada.
Os projetos deverão se enquadrar em três áreas estratégicas:
- Bioeconomia, incluindo cadeias da sociobiodiversidade, bioindústrias, insumos sustentáveis e restauração;
- Turismo ecológico sustentável, voltado à atração de visitantes internacionais;
- Infraestrutura habilitante, como energia renovável descentralizada, conectividade, transporte e logística.
Modelo financeiro e incentivo adicional
O Tesouro Nacional oferecerá crédito às instituições vencedoras com juros de 1% ao ano. Em troca, elas deverão captar capital privado quatro vezes maior que o valor recebido, sendo ao menos 60% de origem internacional.
O repasse aos projetos poderá ocorrer via crédito direto ou fundos, com instrumentos de redução de risco para os financiadores. A edição também inclui incentivo adicional equivalente a 20% do montante captado, voltado a assistência técnica e capacitação, especialmente para pequenos produtores.
O BID fornecerá ainda um mecanismo de hedge cambial, disponibilizando US$ 3,4 bilhões em derivativos para reduzir riscos de variação do dólar, com início previsto para o primeiro semestre de 2026.
Metas e critérios
A meta é mobilizar até US$ 1 bilhão em recursos públicos e US$ 3 bilhões em capital privado. A documentação oficial será divulgada nos próximos dias, e as propostas devem ser apresentadas no início de 2026.
Em caso de empate, serão avaliados fatores como capacidade de alavancagem, potencial de bioindustrialização e volume de capital estrangeiro.
Resultados anteriores
Criado na COP28, em 2023, o Eco Invest Brasil já realizou três leilões desde 2024, somando mais de R$ 75 bilhões mobilizados, grande parte proveniente de investidores internacionais. Segundo o Tesouro Nacional, o programa já garantiu US$ 14 bilhões em compromissos de captação externa.
Repercussão
Lideranças do governo e de organismos internacionais destacaram o caráter estratégico da nova etapa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a iniciativa reforça o valor econômico da floresta em pé. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou o fortalecimento das cadeias da sociobiodiversidade e do turismo sustentável.
O presidente do BID, Ilan Goldfajn, destacou que o novo leilão completa a estrutura financeira planejada para o programa, enquanto representantes do Reino Unido apontaram a liderança do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono.
Para 2026, o governo prevê ritmo mais moderado, com um ou dois leilões, priorizando melhorias de governança e transparência dos projetos.
