STF debate responsabilidade de redes sociais no marco civil da Internet

Fonte: Agência Brasil

21/02/2019
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Reuters/Danish Siddiqui/Proibida reprodução
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (28) que o Marco Civil da Internet conferiu imunidade às plataformas digitais. A declaração ocorreu durante o julgamento que definirá a responsabilidade das empresas sobre conteúdos ilegais postados por seus usuários.

Entenda o Debate no STF

A Corte analisa a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, que estabelece que as plataformas só podem ser responsabilizadas por postagens ilegais após descumprirem uma ordem judicial para remover o conteúdo. Segundo Toffoli, a norma cria um vácuo de responsabilização.

“O Artigo 19 dá uma imunidade. A responsabilização civil só surge após descumprimento de ordem judicial, permitindo que conteúdos permaneçam acessíveis por longos períodos sem reparação,” afirmou Toffoli.

Próximos passos

O julgamento será retomado na próxima quarta-feira (4), com a continuação do voto de Toffoli. Outros dez ministros ainda apresentarão seus votos, que definirão o futuro da norma.

Posições contrárias ao artigo 19

O advogado-geral da União, Jorge Messias, defendeu a inconstitucionalidade do dispositivo, alegando que ele promove uma conduta omissa das plataformas e prejudica a qualidade democrática.

“Essa imunidade tem levado a um déficit democrático,” afirmou Messias, ao defender a adoção de regras mais rígidas para a remoção de conteúdos ilegais.

Defesa das Plataformas Digitais

Representantes de grandes plataformas, como Facebook e X Brasil (antigo Twitter), defenderam a manutenção do texto original do Marco Civil. A advogada do Facebook argumentou que impor uma fiscalização prévia é incompatível com a Constituição:

“A responsabilização prévia aumentaria a judicialização e criaria um regime impraticável para provedores,” afirmou Patrícia Helena Marta Martins.

Já o advogado do X Brasil destacou que o Artigo 19 não impede a remoção espontânea de conteúdos, que pode ser feita por denúncia ou notificação extrajudicial.

Ações julgadas pelo STF

O STF analisa quatro processos relacionados ao Marco Civil da Internet:

  • Relatoria de Dias Toffoli: Validade da exigência de ordem judicial para responsabilização de provedores por atos ilícitos.
  • Relatoria de Luiz Fux: Discussão sobre a obrigação de empresas de hospedar sites com conteúdos ofensivos sem intervenção judicial.
  • Relatoria de Edson Fachin: Legalidade do bloqueio do WhatsApp por decisões judiciais.
  • Ação sobre sigilo: Suspensão de aplicativos que não cumprem ordens judiciais para quebra de sigilo em investigações criminais.

O que está em Jogo?

O julgamento no STF terá impacto direto na forma como redes sociais e plataformas digitais operam no Brasil. A decisão pode alterar o equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade legal sobre conteúdos online, com consequências para usuários, empresas e o sistema judicial.

Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.