Bolsonarismo impulsiona saída de PP e União Brasil do governo Lula

A decisão de PP e União Brasil de deixar o governo é vista como tentativa de captar o eleitorado fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em meio ao julgamento no STF.

Fonte: CenárioMT

Bolsonarismo impulsiona saída de PP e União Brasil do governo Lula
Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

A saída da Federação formada por União Brasil (UB) e Progressistas (PP) do governo Lula é interpretada por analistas como uma estratégia para conquistar os votos ligados ao bolsonarismo. O movimento ocorreu no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento da trama golpista, que pode resultar na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

João Feres Júnior, cientista político da Uerj, avalia que os partidos buscam se reposicionar diante da polarização entre PT e PL. “Eles colam no bolsonarismo porque Bolsonaro ainda mobiliza milhões de eleitores e foi capaz de eleger nomes desconhecidos em 2018 e 2022”, afirmou.

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A Federação União-PP reúne 109 deputados, a maior bancada da Câmara, e 14 senadores. Para a cientista política Michelle Fernandez, da UnB, a saída está conectada à disputa por espaço na eleição de 2026. Segundo ela, partidos já orientaram parlamentares a se desvincularem do governo para se fortalecer na oposição.

A saída

Em nota, a Federação classificou a decisão como “um gesto de clareza e coerência” e exigiu a entrega de cargos ocupados no governo, como os ministérios do Turismo e do Esporte. Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou que quem permanecer deverá apoiar as pautas do Executivo no Congresso.

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O espólio

Para Feres, a disputa pelo voto bolsonarista se intensifica à medida que o ex-presidente enfrenta condenações. Ele aponta que o apoio ao projeto de anistia para os envolvidos na tentativa de golpe também está ligado a esse cálculo político. “Com a anistia, acreditam que Bolsonaro pode reorganizar a direita, reduzindo a competição interna”, avaliou.

Michelle Fernandez destacou ainda a atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que pressiona pela anistia em busca de herdar parte desse eleitorado. No entanto, Feres acredita que ele não será um candidato de consenso dentro da direita.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.