Queda nos preços de óleos vegetais reabre debate sobre aumento da mistura de biodiesel no diesel

Fonte: CenarioMT

oleo de soja

Com a recente queda nos preços de óleos vegetais, a indústria de biodiesel volta a pressionar o governo federal para elevar a mistura obrigatória de biodiesel no diesel de 14% para 15%. A avaliação é da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que vê no atual cenário de mercado uma oportunidade para a medida ser finalmente implementada. A proposta havia sido discutida no início do ano, mas foi travada por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), diante de temores de impacto inflacionário.

Segundo o diretor de economia e assuntos regulatórios da Abiove, Daniel Amaral, a redução nos preços dos óleos vegetais é resultado da recuperação na oferta global e da normalização na demanda. Isso elimina o principal obstáculo que impediu o avanço da proposta no início do ano, quando o governo temia reflexos nos preços dos alimentos e, por consequência, nos índices de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A inflação acumulada em 12 meses até março está em 5,48%, acima da meta do Banco Central, de 3%.

“Hoje as condições já estão dadas para elevar a mistura para 15%. A indústria tem capacidade industrial, estamos aumentando o esmagamento de grãos, e o cenário internacional está mais favorável”, afirmou Amaral, durante evento da Abiove em São Paulo. Para ele, a decisão agora está nas mãos do governo, e a expectativa do setor é de que o aumento da mistura ocorra “o mais rápido possível”.

A Abiove sustenta que a elevação da demanda por biodiesel não deve pressionar os preços ao consumidor. Amaral explicou que as altas registradas no início do ano foram causadas, sobretudo, por fatores externos, como o câmbio e problemas nas safras de palma no Sudeste Asiático, e não pelo mercado interno. “Foram questões fora do Brasil”, enfatizou.

A decisão do CNPE de manter a mistura em 14% teve impacto direto nas projeções de crescimento do setor. A consultoria StoneX, por exemplo, revisou suas estimativas para as vendas de biodiesel em 2025, cortando pela metade a expectativa de aumento: de 1,2 milhão para 600 mil metros cúbicos.

O Ministério de Minas e Energia ainda não se manifestou sobre o tema após o novo posicionamento da Abiove. A expectativa da indústria é de que, com o cenário de preços mais favorável, o governo reconsidere a elevação da mistura como parte de sua estratégia de transição energética e fortalecimento da indústria nacional de biocombustíveis.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista | DRT: 0001781-MT