O mercado de café arábica registrou um desempenho histórico em novembro de 2024, com o Indicador CEPEA/ESALQ para o tipo 6, bebida dura para melhor, alcançando expressiva valorização de 37,55% no mês, um aumento equivalente a R$ 527,70 por saca de 60 kg. A média mensal do café arábica foi de R$ 1.774,67 por saca, o maior valor real registrado desde fevereiro de 1998, considerando o deflacionamento pelo IGP-DI de outubro de 2024.
No final do mês, o Indicador superou a marca dos R$ 2.000 por saca, encerrando novembro a R$ 2.098,06. Este valor representa o maior preço diário real desde 9 de junho de 1997, consolidando um dos períodos mais rentáveis para os produtores brasileiros de café em mais de duas décadas.
De acordo com pesquisadores do Cepea, a alta está diretamente relacionada a uma oferta restrita no mercado interno para os tipos arábica e robusta. Além disso, a expectativa de uma menor colheita de robusta no Vietnã, maior exportador global desta variedade, tem gerado incertezas no mercado internacional, pressionando os preços para cima.
O comportamento do mercado reflete também o impacto de condições climáticas adversas em importantes regiões produtoras no Brasil, reduzindo o ritmo da comercialização e elevando a disputa pelo produto disponível. A restrição da oferta nacional no spot adicionou força à valorização, à medida que os estoques de arábica de alta qualidade se tornaram ainda mais escassos.
O cenário é promissor para os cafeicultores brasileiros, mas também exige atenção a fatores como volatilidade do mercado cambial e as condições da próxima safra, que poderá ser decisiva para manter os preços em patamares elevados. Para os exportadores, o momento representa uma oportunidade de fortalecer a competitividade do café brasileiro no mercado global, especialmente em um período de ajustes na oferta internacional.
Com um desempenho que marca um novo recorde em 26 anos, o café arábica reafirma sua importância estratégica para o agronegócio nacional, reforçando o papel do Brasil como líder global na produção e exportação da commodity.