PIB do agronegócio deve crescer em 2025, mas desafios internos e externos preocupam o setor

Cenários de política fiscal, câmbio e inflação impactarão produtores brasileiros no próximo ano

Fonte: CenarioMT

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O agronegócio brasileiro segue como motor da economia nacional e deve apresentar crescimento robusto em 2025, com projeções de alta de até 5% no Produto Interno Bruto (PIB) do setor. O otimismo, no entanto, vem acompanhado de alertas importantes sobre os desafios internos e externos, conforme destaque da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (11).

Segundo a CNA, o crescimento do PIB será impulsionado pelo aumento da produção primária agrícola, especialmente na safra de grãos, que deve atingir o recorde de 322,53 milhões de toneladas, alta de 8,2% em relação ao ciclo anterior. A receita agrícola deve totalizar R$ 937,55 bilhões, reflexo da recuperação da produtividade após a quebra de safra em 2024.

A pecuária também apresenta perspectivas positivas. O Valor Bruto da Produção (VBP) da pecuária deve crescer 9,2%, alcançando R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que deve registrar alta de 20,9% nos preços. O segmento de leite, por outro lado, prevê crescimento modesto de 1,5%, enquanto a produção de carne bovina deve cair 3,3%, com impacto no consumo interno.

Cenário externo: barreiras geopolíticas e barreiras comerciais

No mercado internacional, o agronegócio enfrentará um desafio ambiental em 2025. Apesar dos avanços nas negociações do acordo Mercosul-União Europeia, medidas como a Lei Antidesmatamento (EUDR) continuam a gerar prejuízos comerciais, com boicotes anunciados por empresas europeias a produtos brasileiros.

A China, maior parceiro comercial do Brasil, enfrenta uma desaceleração econômica, mas dependente das exportações agrícolas brasileiras, especialmente de grãos. Já os Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, prometem movimentar o cenário global com políticas que podem impactar as relações cambiais e comerciais.

Câmbio e Selic pressionam custos de produção

A valorização do dólar, ao mesmo tempo em que favorece as exportações de commodities, eleva os custos de insumos importados, como fertilizantes e pacotes tecnológicos, instruções ainda mais a rentabilidade dos produtores brasileiros. Além disso, a manutenção da taxa Selic em níveis elevados, projetada para fechar 2025 em 13,50%, deve restringir o acesso ao crédito rural, prejudicando especialmente os pequenos e médios produtores.

A CNA alerta para os desafios no orçamento público destinado à política agrícola em 2025. O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), com orçamento previsto de R$ 1,06 bilhões, está aquém da demanda do setor, estimado em R$ US$ 4 bilhões. Propostas como o Projeto de Lei 2.951/2024 buscam modernizar o sistema de segurança agrícola, mas o financiamento ainda é uma questão pendente.

Questões ambientais também seguem como prioridade. A análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a implementação do Código Florestal exigem avanços estruturais para comprovar a sustentabilidade da produção brasileira, especialmente diante das barreiras climáticas impostas por parceiros comerciais.

Infraestrutura e logística: apostas para 2025

O avanço da infraestrutura será crucial para o agronegócio em 2025. Projetos como a Ferrovia Transnordestina e o lançamento do Marco Regulatório dos Rios prometem melhorar a logística de escoamento, mas dependem de liberações jurídicas e investimentos consistentes.

Apesar de um 2024 marcado por desafios, como o ciclo de aperto e pressão inflacionária, o agronegócio mostrou resiliência. O Valor Bruto da Produção (VBP) deste ano deve atingir R$ 1,34 trilhão, e as exportações deverão fechar o ano em cerca de US$ 166 bilhões, mantendo o setor como protagonista da economia brasileira.

Para 2025, as expectativas permanecem positivas, mas exigiram planejamento estratégico, eficiência produtiva e diálogo com o mercado internacional para superar os desafios e manter a competitividade do Brasil como um dos principais players do agronegócio mundial.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.