O Mercosul anunciou a conclusão definitiva das negociações do acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), composta por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein. O entendimento, costurado sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abre caminho para o acesso em livre comércio de quase 99% dos produtos brasileiros exportados ao bloco europeu, o que representa um avanço estratégico na política comercial sul-americana.
A parceria vai conformar um mercado de aproximadamente 290 milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto combinado de mais de US$ 4,3 trilhões. Segundo o governo brasileiro, trata-se de um acordo moderno e equilibrado, que não apenas amplia o comércio bilateral, mas também incorpora cláusulas voltadas à sustentabilidade, propriedade intelectual, compras governamentais, serviços e investimentos, tornando o tratado alinhado às prioridades brasileiras em saúde, ciência e tecnologia.
Com a conclusão das negociações com a EFTA, o Mercosul dá sequência à sua agenda de expansão extrarregional, que já havia ganhado fôlego com a assinatura do acordo com Singapura, em 2023, e com a conclusão das tratativas com a União Europeia, em 2024. Somados, esses acordos elevam de US$ 73,1 bilhões para US$ 184,5 bilhões o volume de comércio exterior brasileiro coberto por tratados de livre comércio — um salto de 2,5 vezes.
O acordo com a EFTA também é estratégico por aproximar o Mercosul de países com alto poder de consumo e forte presença global. Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões para os países da EFTA e importou US$ 4,1 bilhões. A Suíça figura como o 11º maior investidor estrangeiro direto no Brasil, com estoque de US$ 30,5 bilhões, e a Noruega é reconhecida por seu papel de destaque no financiamento do Fundo Amazônia, com R$ 3,4 bilhões em doações.
As negociações, iniciadas em 2017, entraram em nova fase em 2024, quando o Brasil priorizou ajustes para preservar a autonomia em políticas públicas e garantir espaço para investimentos sustentáveis. O texto final do acordo encontra-se em etapa de revisão legal e deverá ser assinado ainda em 2025. A expectativa é de que os documentos sejam divulgados oficialmente em agosto.
Diante do atual cenário internacional, marcado por tensões comerciais e protecionismo, o Acordo Mercosul-EFTA sinaliza o compromisso do bloco sul-americano com a abertura comercial responsável, capaz de gerar emprego, crescimento econômico e desenvolvimento sustentável.