Ferrogrão: esperança do agronegócio vive a expectativa de decisão no STF

Fonte: CenarioMT

agu se manifesta contra lei que permite construcao da ferrograo
© Ricardo Botelho/Minfra

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, voltou a defender a construção da Ferrogrão (EF-170), ferrovia de 933 quilômetros de extensão que promete ligar Sinop (MT) a Itaituba (PA) com investimentos estimados em R$ 28 bilhões. Durante evento do programa Minha Casa, Minha Vida, realizado no último dia 24 em Sinop, Fávaro reforçou que a posição do governo Lula é favorável à obra, considerada estratégica para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste. “O governo passado não cuidou da Ferrogrão. A posição do presidente Lula é clara: somos a favor da Ferrogrão, que é ambientalmente correta”, afirmou.

Apesar do apoio explícito, a construção da ferrovia segue paralisada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu os estudos do projeto desde 2021. A judicialização envolve questões ambientais, especialmente a possível necessidade de supressão de área do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, e a falta de consulta às comunidades tradicionais, em descumprimento a tratados internacionais assinados pelo Brasil. Recentemente, no entanto, a União apresentou ao STF novos documentos para tentar destravar o projeto, indicando a possibilidade de traçar a ferrovia ao longo da faixa já degradada da BR-163 e relatando avanços nas consultas às comunidades.

O projeto da Ferrogrão é defendido como solução para antigos gargalos logísticos que encarecem o transporte de grãos e geram desperdícios. Atualmente, a maior parte da produção do Centro-Oeste depende do transporte rodoviário, sobrecarregando rodovias como a BR-163, aumentando o custo dos fretes e provocando atrasos. Com a nova ferrovia, o governo estima uma redução de R$ 7,9 bilhões por ano em custos logísticos e a diminuição de 3,4 milhões de toneladas de emissões de CO₂ anuais durante os 69 anos de concessão previstos.

A expectativa é que a Ferrogrão transporte até 52 milhões de toneladas de commodities agrícolas por ano, fortalecendo os portos do Norte como principais rotas de exportação. Para o presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende, a obra é urgente e fundamental para o futuro do setor. “Estamos terminando mais uma safra recorde, mas continuamos enfrentando velhos problemas para escoar nossa produção. Precisamos de soluções concretas, e a Ferrogrão tem tudo para amenizar os gargalos logísticos que tanto nos penalizam”, destacou.

Embora o Ministério da Agricultura e o Ministério dos Transportes estejam alinhados na defesa do projeto, há divergências internas no governo. O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério dos Povos Indígenas manifestam oposição à obra, preocupados com os impactos socioambientais. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), por sua vez, mantém a previsão de lançar o edital de leilão da ferrovia em 2026, desde que haja aprovação do novo traçado pelo STF.

Além de impulsionar o agronegócio, a Ferrogrão é vista como fundamental para a competitividade internacional dos produtos brasileiros, reduzindo o custo do frete e tornando a logística mais eficiente. Em um cenário de margens apertadas e concorrência global acirrada, cada ganho logístico pode fazer grande diferença para o produtor.

O setor produtivo permanece mobilizado, na expectativa de que o Supremo libere o andamento do projeto, permitindo que a Ferrogrão finalmente saia do papel. Como enfatizou Isan Rezende, para quem trabalha de sol a sol produzindo alimentos para o Brasil e o mundo, infraestrutura eficiente não é luxo, é necessidade.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista | DRT: 0001781-MT