A produção agroindustrial brasileira registrou um crescimento de 0,6% em fevereiro de 2025, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), divulgados pela FGV Agro. É a segunda alta consecutiva do setor em bases interanuais, mesmo diante de uma base de comparação elevada – em fevereiro de 2024, o setor já havia crescido 6,5%.
Apesar do avanço, o resultado foi sustentado principalmente pelo bom desempenho de três setores: Insumos Agropecuários (21,6%), Produtos Têxteis (4,8%) e Alimentos de Origem Animal (1,1%). Todos os demais segmentos da agroindústria registraram retração no período.
O destaque foi o segmento de Insumos Agropecuários, que apresentou a oitava alta interanual consecutiva e o melhor fevereiro desde 2010. A antecipação de compras, diante da expectativa de aumento de preços, somada à base de comparação baixa do ano anterior, influenciou o resultado positivo, especialmente na produção de defensivos agrícolas, fertilizantes e desinfestantes. O setor de Produtos Têxteis também confirmou trajetória de recuperação, refletindo o aumento na produção de tecidos e vestuário.
Por outro lado, setores como Fumo (-9,9%), Biocombustíveis (-7%) e Produtos Florestais (-6,5%) puxaram o desempenho negativo. A produção de etanol e açúcar foi impactada por uma forte redução na moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul, enquanto o setor florestal sentiu a queda nas exportações.
No segmento de Produtos Alimentícios e Bebidas, a queda foi de 0,9%, puxada especialmente pela retração de Bebidas (-6,6%) e Alimentos de Origem Vegetal (-1,2%). A menor produção de bebidas alcoólicas e não alcoólicas e o recuo expressivo no refino de açúcar (-29,2%) foram os principais fatores negativos. Apenas os Alimentos de Origem Animal apresentaram crescimento, sustentado pela produção de carne bovina, suína e de frango.
No acumulado do primeiro bimestre de 2025, a agroindústria também cresceu 0,6%, mas ficou abaixo da Indústria de Transformação, que teve alta de 2,5%. O crescimento da agroindústria no bimestre também foi puxado unicamente pelos produtos não-alimentícios, com destaque novamente para insumos agropecuários e têxteis.
Segundo a FGV Agro, o desempenho concentrado em poucos setores acende um sinal de alerta para a sustentabilidade do crescimento ao longo do ano. O cenário reforça a importância de políticas voltadas à diversificação da produção e à recuperação de segmentos estratégicos, como biocombustíveis e alimentos vegetais.