O cacique Raoni Metuktire voltou a criticar a exploração de petróleo na Amazônia durante a “barqueata” que marcou a abertura da Cúpula dos Povos, evento paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O líder indígena destacou a importância da preservação da floresta e rejeitou projetos de mineração e perfuração em territórios indígenas.
Raoni afirmou que tratou do tema recentemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o francês Emmanuel Macron, pedindo que ambos não autorizem perfurações na floresta. “Falei com o presidente Lula para ele não procurar petróleo aqui. Vou continuar cobrando. Temos que ser respeitados”, declarou.
A declaração ocorre após a Petrobras receber licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar pesquisas exploratórias na Margem Equatorial, região apontada como o novo pré-sal brasileiro. A decisão gerou críticas de ambientalistas, preocupados com possíveis impactos ecológicos, enquanto o governo defende que a autorização foi técnica e rigorosa.
Raoni, líder da etnia Caiapó do Mato Grosso, é reconhecido mundialmente pela defesa da Amazônia e dos direitos indígenas. Desde a década de 1950, atua em mobilizações ambientais e participou de iniciativas internacionais ao lado de personalidades como o cantor Sting. Em 2023, subiu a rampa do Palácio do Planalto durante a posse do presidente Lula, representando os povos originários.
O cacique destacou ainda que autoridades estrangeiras respeitam seu território. “Ninguém me oferece dinheiro por madeira ou minérios. Eu cobro que respeitem nossas terras para que possamos viver bem”, afirmou.
Ao comentar sobre o papel do Brasil na crise climática, Raoni ressaltou que o país tem responsabilidade global. “Precisamos cuidar do planeta. Se continuar o desmatamento, nossos filhos e netos terão problemas sérios. Nosso território garante a respiração do mundo inteiro”, alertou.
Com cerca de 90 anos, o líder indígena relembrou que fala sobre preservação desde jovem e criticou o avanço do desmatamento. “Muitos rios estão secando. Se continuar nesse ritmo, muita coisa ruim vai acontecer”, advertiu.
Raoni também destacou a importância das mulheres indígenas nas mobilizações ambientais. “Elas estão participando, têm opinião e vontade. Eu apoio e gosto de ver as mulheres junto com a gente nessas lutas”, completou.















