A Assembleia Legislativa de Mato Grosso promoveu, nesta quinta-feira (16), a primeira reunião da Câmara Setorial Temática (CST) da Saúde Indígena, um marco no debate sobre inclusão e políticas públicas voltadas aos povos originários.
Proposta pelo presidente da ALMT, o encontro teve como foco principal o autismo nas comunidades indígenas e as dificuldades enfrentadas para garantir diagnóstico e tratamento adequados. O presidente da Câmara de Guarantã do Norte, Celso Henrique Batista da Silva, destacou que o município abriga sete aldeias com cerca de 980 indígenas e que o autismo tem se tornado uma preocupação crescente sem políticas específicas.
“Buscamos apoio voluntário de profissionais, mas é fundamental ampliar o acesso a terapias pelo SUS, especialmente nas aldeias”, afirmou o parlamentar. O coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Araguaia, Labé Karajá, relatou que em São Félix do Araguaia, 20 crianças indígenas aguardam diagnóstico na APAE local, reforçando a necessidade de profissionais especializados.
A psicóloga Jaqueline Souza explicou que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e não uma doença. Segundo ela, é essencial promover a informação, o diagnóstico precoce e a inclusão social. “O debate é um passo importante para garantir o cumprimento das leis e melhorar a qualidade do atendimento às famílias indígenas”, destacou.
A presidente da CST, Paloma Velozo, enfatizou que o tema é recente nas aldeias e exige capacitação técnica de profissionais da saúde e da educação. Ela ressaltou que ouvir as lideranças indígenas tem permitido elaborar estratégias mais eficazes, principalmente na identificação do espectro autista em crianças.
Além de discutir temas de média e alta complexidade, a CST estuda incluir a saúde indígena na Lei Orçamentária Anual (LOA), ampliando recursos para o setor. As reuniões contam com representantes de 46 povos indígenas e com apoio de órgãos como Conab, Ministério da Agricultura e UFMT, em ações ligadas à segurança alimentar e ao acesso à água.
Com encontros periódicos, a Câmara Setorial busca fortalecer as políticas públicas de atenção à saúde indígena em Mato Grosso, unindo poder público e comunidades tradicionais em prol da dignidade e inclusão social.
Comente sua opinião: como você avalia o avanço da saúde indígena e a inclusão do tema autismo nesses debates?