Com o propósito de valorizar a biodiversidade do Cerrado e estimular práticas sustentáveis que conciliem produção e conservação, o Instituto Desponta Brasil promoveu, no último dia 8 de outubro, a oficina “Produção de mudas de espécies nativas do Cerrado e uso em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e recomposição de passivo ambiental”. O evento foi realizado na Embrapa Cerrados, no Distrito Federal, e reuniu cerca de 30 participantes, entre técnicos, pesquisadores e produtores rurais.
A ação integra o projeto “Plantas para o Futuro”, iniciativa voltada à promoção do uso sustentável e à valorização da flora nativa brasileira, com foco na difusão de conhecimento técnico e no estímulo à economia verde. O projeto é coordenado nacionalmente por Lídio Coradin, que conduziu a abertura da oficina ao lado da engenheira agrônoma Jülceia Camillo, ambos defensores da ideia de que a conservação da biodiversidade pode caminhar junto com o desenvolvimento econômico.
Durante o encontro, foram apresentadas diversas espécies nativas do Cerrado com potencial econômico, como baru, pequi e macaúba, destacadas no livro “Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro – Região Centro-Oeste”, publicação de referência que reúne informações técnicas e pode ser acessada gratuitamente.
Um dos destaques da programação foi a palestra do pesquisador Felipe Ribeiro, que abordou técnicas de produção de mudas de espécies nativas e o papel dessas plantas na recomposição de áreas degradadas e passivos ambientais. Os participantes também puderam conhecer, em visita guiada aos viveiros da Embrapa, o trabalho de Wanderlei de Lima e Geovane de Andrade, que apresentaram métodos de coleta de sementes, preparo de substratos, escolha de recipientes e técnicas de enxertia aplicadas na multiplicação de espécies como o baru.
A oficina incluiu ainda uma visita às áreas experimentais de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), onde a pesquisadora Karina Pulrolnik apresentou resultados de experimentos que utilizam plantas nativas arbóreas em sistemas produtivos. Ela destacou os benefícios do uso de macaúba, pequi e baru para a recuperação de pastagens degradadas e o fortalecimento da diversidade funcional dos ecossistemas agrícolas.
Essa foi a segunda oficina do projeto Plantas para o Futuro realizada na Embrapa Cerrados. A primeira, promovida em 1º de outubro, tratou do tema “Bancos Ativos de Germoplasma e melhoramento genético de frutíferas nativas do Cerrado”. O Instituto Desponta Brasil vem expandindo as ações do projeto em parceria com instituições como Embrapa Hortaliças, Jardim Botânico de Brasília, Universidade de Brasília, Universidade do Distrito Federal, Emater-DF e as Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente do DF.
Com iniciativas como essa, o projeto Plantas para o Futuro reforça o papel do Cerrado como berço de espécies com alto valor econômico, ecológico e social, e reafirma a importância da ciência e da cooperação interinstitucional na construção de modelos produtivos que conciliem inovação, sustentabilidade e conservação ambiental.