O abraço dos campeões: Felipão e gandula do Palmeiras recordam festa por título da Libertadores

Fonte: GLOBOESPORTE.COM

1 518
Foto: Arquivo Pessoal

Em seus primeiros segundos como campeão da Libertadores de 1999, Felipão seguiu um rumo totalmente diferente dos demais jogadores do Palmeiras e membros da comissão técnica que estavam em campo no antigo estádio Palestra Italia naquele dia 16 de junho de 99.

Enquanto todos foram em direção ao goleiro Marcos ou aos torcedores, Scolari partiu em direção ao gol oposto ao que ocorreu as cobranças de pênaltis. Foi ali, ao lado dos gandulas, que o treinador iniciou a comemoração do título sul-americano.

– Quando o rapaz errou o pênalti nós começamos a vibrar. Meu primeiro pensamento foi correr em direção aos gandulas. Eles também estavam correndo em direção a mim para que a gente vibrasse juntos porque a gente tinha sofrido bastante para chegar até a final e conseguido um título inédito para o Palmeiras – relembrou Felipão.

– No meu entendimento eles são os maiores torcedores, eles vibravam de uma forma diferente da nossa torcida usual. Falamos, nos abraçamos, um dizendo para o outro que merece. Foi especial aquele momento – completou.

[Continua depois da Publicidade]

Vinte e um anos depois, Leonardo Brancaccio mantém a rotina na equipe de gandulas do Palmeiras. Em dias de jogos do Verdão, na arena ou no Pacaembu, ele está em campo ao lado dos amigos. Algo que ocorre desde 1993.

A experiência bem próxima aos atletas e treinadores que passaram pelo clube no período fez Leo acumular boas recordações. A convivência com Felipão e o título da Libertadores foram marcantes.

– A gente formou uma corrente debaixo do gol do outro lado, no lado das piscinas. Ficamos todos abraçados vendo os pênaltis… Todo mundo naquela tensão. Quando o Palmeiras foi realmente campeão, que o Zapata bateu para fora, instintivamente corremos para o banco para comemorar. Só que nesse momento o Felipão chegou antes, nos abraçou e agradeceu, deu parabéns, e a gente agradecendo muito a ele, comissão técnica e jogadores. Foi muito marcante – recordou o gandula.

– Ele é uma pessoa muito legal, muito bacana, muito humana. Sempre quis agregar todos em volta, sempre procurou transformar as pessoas que trabalham junto com ele, direta ou indiretamente. É uma característica dele. E uma pessoa de trato muito agradável – acrescentou.

Felipão acumulou outras duas passagens pelo Palmeiras depois da primeira, encerrada em 2000. Em todas elas o treinador teve a companhia de Leonardo Brancaccio na equipe de gandulas. Elogiado por funcionários mais próximos, o treinador fala com carinho e respeito dos amigos criados nos jogos do Verdão.

– A minha relação com os gandulas do Palmeiras era de amigo. Eles trocavam de roupa ao lado do nosso vestiário, conversávamos após os jogos, ouvia muitas vezes os gandulas que “essa bola era assim”, o que aconteceu… Éramos amigos, continuamos amigos na segunda passagem, continuamos mais amigos na minha terceira passagem e vamos continuar amigos para o resto da vida – falou o treinador, segundo com mais vitórias e mais jogos na história alviverde.

Em tempos de distanciamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, o abraço de Felipão nos gandulas ganhou um significado ainda mais especial para Brancaccio.

– Com essa questão da pandemia que assola o mundo, a gente está sentindo a importância que é o abraço. O contato, pele com pele, aquela coisa humana. Poder tocar quem você ama… Estamos impossibilitados temporariamente, vai passar. Naquele momento de emoção, de euforia, todo mundo vibrando, foi simbólico, veio selar uma relação de admiração, respeito e gratidão por aquele grupo e pelo Felipão – disse.