De um lado, duas conceituadas instituições estaduais que têm a promoção do ensino e da pesquisa e a difusão de saberes como missão. De outro, um município conhecido no Brasil inteiro pela qualidade educacional, mas que, do mesmo modo que a regra em quase a totalidade do mundo, enfrenta sérios problemas com o ensino-aprendizagem de Matemática.
A busca de solução foi apresentada nesta quarta-feira, 26, no auditório do Paço Municipal, quando a Prefeitura de Lucas do Rio Verde, por intermédio da Secretaria de Educação, e a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat/Barra do Bugres) e a Fundação de Amparo ao Ensino, Pesquisa e Extensão do Norte de Mato Grosso (Faepen) assinaram o termo de cooperação para a implantação do Programa Trilhas Formativas para os Professores que Ensinam Matemática.
O curso de formação continuada para 186 docentes se estenderá de março a novembro de 2020, com 126 horas de formação presencial e 154 horas semipresencial, oficinas formativas e um seminário, e tem o objetivo de melhorar os níveis de proficiência dos alunos do 1º ao 9º ano da rede municipal de ensino. Além disso, deverá implementar em suas práticas pedagógicas sequências didáticas e projetos de ensino que sejam convergentes com as habilidades das cinco unidades temáticas do Documento de Referência Curricular (DRC) de Lucas do Rio Verde para os alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental.
A Secretaria Municipal de Educação vem monitorando e buscando aprimorar a aprendizagem de Matemática dos estudantes ao final das etapas de alfabetização, 5° e 9° anos visto que os indicadores evidenciam que 68% dos alunos de 5° ano são proficientes e que no 9º ano somente um terço deles atingiu esse nível de aprendizado, um desempenho bem abaixo da expectativa e dos índices médios alcançados na avaliação geral de Lucas do Rio Verde, que obteve a segunda colocação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as redes municipais ensino do estado de Mato Grosso.
“Estamos indo na contramão de escolas do país inteiro que têm aceitado as propostas de empresas da área educacional que oferecem suas apostilas com os novos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular. Este seria o caminho mais fácil, porém, optamos por fazer esta parceria que nos dará a oportunidade de trabalhar juntos com o documento elaborado coletivamente pelos profissionais da própria rede e a partir da realidade local para construirmos apostilas com conteúdos específicos e voltados às nossas necessidades”, explica a secretária de Educação, Cleusa Marchezan De Marco.
Para o diretor Político-pedagógico e Financeiro em exercício da Unemat/Sinop e presidente da Faepen, Adil Antonio Alves de Oliveira, assim como a parceria firmada para lançar o Programa Alfabetiza Lucas, em janeiro deste ano, também como parte das Trilhas Formativas, o novo curso permite que as duas instituições (Unemat e Faepen), desempenhem, na prática, seu verdadeiro papel. “Lucas do Rio Verde representa uma referência educacional no estado e, provavelmente no país, e essa troca de saberes para trabalhar com uma discrepância que não faz parte apenas da realidade local apenas comprova que se trata de um município que tem um olhar diferente sobre o ensino”, destaca.
Coordenador do Programa Trilhas Formativas e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática nas Escolas (Gepeme/Unemat), o professor Márcio Urel Rodrigues estabeleceu a data de 13 de agosto como prazo de entrega dos nove cadernos didáticos de Matemática para o ensino fundamental (do 1º ao 9º ano) cujos teores deverão ser condizentes com as 247 habilidades da BNCC. “Para deixar de ser visto como um bicho-de-sete-cabeças, o ensino de Matemática precisa deixar de lado a metodologia de reprodução em sala de aula, completamente distanciada do cotidiano dos estudantes. O aluno somente será protagonista quando a Matemática se basear em suas próprias vivências, naquilo que de fato for útil em seu dia a dia”, defende.
