Arara-canindé pousa em ciclistas que pedalavam em Mato Grosso

Fonte: G1 MT

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Foto: Arquivo pessoal

Uma arara-canindé surpreendeu duas ciclistas em Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá. Patrícia Morais Santos e Carine Andrade estavam pedalando em uma estrada de terra, no último sábado, quando a ave pousou no ombro delas alternadamente e bicou os capacetes que elas usavam.

A interação da ave com as ciclistas durou cerca de uma hora. O que surpreendeu ainda mais foi a insistência do animal, segundo elas.

Patrícia que é gerente geral em um hotel, disse que antes de surpreendê-las, a arara tinha sobrevoado baixo entre elas e quase a acertou. No momento, ela se assustou com o sobrevoo do animal e comentou com a amiga, mas elas continuaram pedalando normalmente.

“O dia estava clareando e sentimos que passou algo bem pertinho da gente. Quando eu vi, me agachei, mas continuei pedalando. Quando ela [arara] veio na minha direção, minha amiga gritou. Na mesma hora pousou em mim, fiquei assustada, mas continuei pedalando. Lembrei de uma história semelhante e pedi para a minha amiga filmar”, contou Patrícia.

A ave pousou no ombro de Patrícia por alguns instantes e ela continuou a pedalar. Algum tempo depois, a arara começou a bicar o capacete dela. A ciclista assustada seguiu pedalando. Ela contou que estranhou, mas rapidamente curtiu a situação e pediu para amanhã continuar registrando.

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Segundo Patrícia, o animal estava insistente, tentou espantá-la, mas não conseguiu. As ciclistas decidiram pedir ajuda numa propriedade rural. Ao parar a bicicleta, a ave pousou no guidão. Ela pegou o celular e fez algumas fotos, mas, de repente se desequilibrou, caiu e se machucou.

No momento da queda da ciclista, a arara pousou no chão. As ciclistas não conseguiram pedir ajuda porque tinha um aviso informando que havia cachorros no local. Por conta disso, elas não abriram a porteira para chegar a casa, decidiram ir embora e seguiram o percurso.

Carine, a outra ciclista, é gerente de vendas, mora em Sorriso, a 420 km da capital, e estava na região a passeio. A arara que tinha parado no chão, voou novamente e foi na direção dela. Pela segunda vez, pousou no ombro e bicou o capacete várias vezes por alguns minutos.

Ela disse que sentiu medo da ave, que parecia ser domesticada e estava se divertindo com elas. Após um tempo, a arara foi embora, voando em direção a uma árvore.

“Foi bem legal, uma experiência incrível e única, ainda mais nesse percurso que fiz outras vezes. Também tem um pessoal que passa por lá sempre e nunca aconteceu isso. Aparentemente, a arara é domesticada porque era mansa e falava com a gente”, contou Carine.

O vídeo mostra a arara pousando no ombro da ciclistas e bicando os capacetes delas, respectivamente. A ave fica por um bom tempo com elas. A situação assustadora, porém divertida, segundo Patrícia, foi filmada alternadamente pelas próprias ciclistas.

O doutor em biologia e especialista em aves, Dalci Oliveira, explicou que não é comum esse tipo de comportamento pela ave silvestre. Em situação normal na natureza, nenhuma ave ataca deliberadamente um ser humano. No entanto, a situação mostrada no vídeo, a arara parece que foi atraída pelas cores do capacete.

De acordo com o biólogo, há a possibilidade da atitude da ave ter sido motivada por as ciclistas estarem próximo de um ninho. Ele cita também que se o animal foi domesticado e de uma maneira semelhante à forma que ela agiu, é comum o animal interagir com outras pessoas que passam pelo mesmo local.

Espécie

A arara-canindé também é conhecida como arara-de-barriga-amarela, arari, arara-amarela, arara-azul-e-amarela, araraí e canindé, é uma das mais conhecidas representantes do gênero Ara, sendo uma das espécies emblemáticas do cerrado brasileiro, sendo importante para muitas comunidades indígenas.

Apresenta cauda longa, tons azuis no dorso e amarelo dourado da face até a cauda. A ave se desloca por grandes distâncias durante o dia e, em certos períodos do ano, migra em busca de comida. Alimenta-se de frutas, sementes e nozes.

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Elas constroem os ninhos geralmente entre dezembro e maio e em troncos de palmeiras mortas. Essas aves habitam o interior e bordas de florestas altas desde a Amazônia até o Paraná.