Advogados de Mato Grosso ‘rondam’ atingidos por barragem em Brumadinho até em velório

Fonte: Wesley Santiago-OD

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Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

O presidente da seccional de Brumadinho da Ordem dos Advogados do Brasil (OBA), Ronan Nogueira, revelou que advogados de diversos Estados, incluindo Mato Grosso, estão ‘rondando’ as famílias atingidas pelo desastre da barragem da Vale na cidade. Os velórios são os principais ‘alvos’. Conforme a entidade, a prática pode ser considerada captação de clientes. As informações são da Folha de S. Paulo.

Nas duas últimas semanas desde o desastre, a OAB de Minas Gerais registrou três representações contra esses profissionais após acusações de atuação irregular. Os relatos ouvidos na cidade, porém, são ainda mais numerosos.

A ordem em Belo Horizonte recebeu o caso de um advogado que teria ido a um velório coletivo de vítimas em busca de clientes. Um anúncio no Facebook, por exemplo, anunciava: “Tragédia em Brumadinho – Garanta sua indenização”, indicando o contato de advogados. Foi apagado dias depois.

“A atuação dos advogados é livre, o que queremos é blindar Brumadinho de espertalhões que estão se aproveitando da situação e não estão respeitando a dor dos outros”, disse o presidente da OAB de Brumadinho.

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Responsável por receber essas acusações, ele diz que os advogados “urubus” vêm de outras cidades e de seis diferentes estados: Goiás (o mais citado), Mato Grosso, Distrito Federal, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro.

O defensor público da União Guilherme Mattar ouviu de moradores que advogados prometeram ajudar na obtenção do repasse de R$ 100 mil anunciado pela Vale aos parentes de vítimas da tragédia. O processo não é judicial e não precisa de advogados.

Além de ser condenada pelos moradores, que dizem se sentir explorados, a depender da abordagem a prática pode ser considerada captação de clientes, punida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) com censuras e até cassação do registro do profissional.

O intenso assédio de profissionais também aconteceu com as famílias atingidas em Mariana, diz Carlos Schirmer, representante da OAB que acompanha a tragédia de Brumadinho. Até hoje, nenhuma vitima de 2015 foi reassentada ou indenizada.